Areia nos olhos

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Outro dia um motorista de táxi, indignado com o rebaixamento do Corinthians para a segunda divisão do futebol brasileiro ,desabafava: “ o time é muito ruim, não podia disputar nem mesmo o Desafio ao Galo”. Para quem não lembra, o Desafio ao Galo foi um torneio de futebol varzeano que marcou época nos anos 60-70, com transmissões pela TV Record.
Em 2006, o Departamento de Unidades Esportivas Autônomas da Secretaria Municipal de Esportes (DUEAT) olhava para esse passado e, acertadamente, colocava como meta bienal “revitalizar os campeonatos de futebol de várzea, como o antigo ‘Desafio ao Galo’, a ser disputado em todos os CDMs e campos administrados em sistema de rodízio”.
Quem viveu na Lapa em épocas anteriores sabe muito bem da importância do futebol amador. Existem deliciosas histórias da várzea lapeana que podem ser relembradas com a “velha guarda dos bairros”, como os Gregório, Rivetti, Ferreira, Morelli, entre outros. Portanto, seria interessante que, em cima da meta apontada pela Prefeitura, a Lapa e bairros vizinhos pudessem se organizar e lançar um novo “Desafio ao Galo”, desta vez local, resgatando tradições. Palco para isso não falta e ele tem nome: Clube Pelezão.
Mas não parece ser essa a vontade da atual gestão deste clube municipal, que Seguindo determinações da Secretaria Municipal de Esportes, descobriu algo surpreendente:a Lapa tem outra vocação no sangue: esportes de areia. Tanto é que, em caráter permanente, uma quadra de futebol de areia foi montada para esse fim no lugar de um dos campos de terra.
A justificativa dada pelo coordenador do clube para essa transformação é que o campo de futebol era pouco usado. Porém, em nenhum momento os gestores do Pelezão se preocuparam em consultar a comunidade para saber as razões dessa ociosidade. Também, como de hábito, os gestores do clube não se esforçaram em abrir diálogo com as associações para saber se o “beach soccer” e o vôlei de areia eram soluções alterntivas aos consagrados rachões na terra. Mais uma vez, lamentavelmente, as coisas no Pelezão chegam para a população de cima para baixo. Meses atrás, um gestor maior “expulsou” do clube uma comunidade inteira que queria ali organizar o “Arraiá da Lapa”. Hoje, do Pelezão sopra um vento seco e forte, que insiste em jogar areia nos olhos da gente, embaçando o sonho da tão esperada gestão participativa.

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