Ceagesp aponta soluções

0
832

Muitos moradores da Vila Leopoldina, inclusive os que chegaram recentemente na Vila Hamburguesa, consideram que é questão de tempo a saída da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) da região. Assim, eles esperam que as ruas no entorno do entreposto como Baunann, Aroba e Frobem seja recuperadas, valorizando ainda mais os empreendimentos imobiliários na vizinha Carlos Weber.
Na segunda reportagem sobre o atual panorama da Leopoldina, um bairro em plena transformação, o Jornal da Gente mostra que essa expectativa de parte da comunidade local não encontra respaldo algum no plano da administração da Ceagesp, cujo presidente, Francisco Cajueiro, nega qualquer projeto de transferência. “É tudo especulação. Sair da Leopoldina implicaria numa série de condições. A primeira delas é ter à disposição um terreno com área entre 1, 5 milhão e 2 milhões de metros quadrados. Só essa exigência mostra as dificuldades inerentes a um plano de transferência, algo que não está sendo cogitado atualmente”, afirma Cajueiro.
Se a permanência da Ceagesp na Leopoldina é um fato concreto, isto significa que as caixarias continuarão a fazer parte da paisagem do bairro? No curto prazo, segundo Cajueiro, a resposta é sim. Mesmo que não seja uma atividade ligada oficialmente à gestão administrativa do entreposto, o comércio de caixas de madeira nas ruas vizinhas é retroalimentado por ele. Uma portaria assinada pelos Ministérios da Saúde, Agricultura e do Desenvolvimento diz que caixas de madeira reutlizadas só podem entrar em postos de abastecimentos se devidamente higienizadas.
Como esse processo de higienização é complexo e caro, a portaria força a gradual substituição desse tipo de caixa por engradados de plástico, cuja limpeza é bem mais fácil. Porém, não existe, hoje, viabilidade econômica no uso desse tipo de material. “Uma caixa plástica custa dez vezes mais que a de madeira, embora tenha uma vida útil muito maior”, explica o diretor Técnico e Operacional, Luiz Concilius Gonçalves Ramos. “Seria preciso a criação de uma linha especial de crédito ao produtor para que ele pudesse investir na compra dos engradados plásticos”.
Nesse sentido, Ramos afirma que a Ceagesp tem dialogado com o banco do Brasil com o objetivo de concretizar a realização de tal proposta.
Quanto ao futuro dos caixeiros da Leopoldina, num hipotético cenário de total substituição das caixas de madeira por outras de plástico, Francisco Cajueiro volta a falar num diálogo entre prefeitura, governo estadual, União e sociedade civil. “Juntos, precisamos encontrar um caminho que insira essa população em atividades que gerem renda. A própria construção civil, que quer investir na região poderia, por exemplo, absorver parte dessa mão-de-obra”.
Por enquanto, esse tipo diálogo não existe. O que se vê é a subprefeitura realizando constantes blitz na região da caixaria, sem no entanto se preocupar com o destino dos caixeiros e moradores de rua.

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA