Está suja, prefeito

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“Prezado prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab. Sabemos que o senhor conhece bem o tecido urbano da região Lapa. Talvez não por acaso, tenha sido exatamente no âmbito dessa nossa subprefeitura que, em janeiro deste ano, o senhor tenha dado início a uma cruzada batizada de Cidade Limpa.
Certamente o senhor se recorda das duas manhãs em que a sua comitiva acompanhou a retirada de outdoors em frente à Sociedade Esportiva Palmeiras. O Jornal da Gente estava lá e registrou a operação.
Na ocasião, o proprietário dos enormes painéis, que de fato, poluíam visualmente o bairro, se comprometeu a retirá-los. Dias depois, em respeito à lei que o senhor sancionava, contando com apoio da maioria dos paulistanos, o empresário, cuja empresa tem sede aqui na Lapa, cumpria com o combinado.
Como ele, outros inúmeros empresários da Lapa aderiram à Cidade Limpa. Uns por puro espírito de cidadania; outros, talvez a maioria, pelo simples fato de a lei ter um caráter coercitivo.Seja por este ou aquele motivo, ganhamos bairros mais limpos onde, em diversas ruas, é possível, novamente, valorizarmos fachadas outrora escondidas por uma marqueteira poluição.
Se por um lado, quem mora e trabalha neste pedaço da Zona Oeste aplaude uma Lapa e região menos poluídas visualmente, fica aqui o registro da existência de bairros limpos “ma non troppo”. É que determinados segmentos da atividade econômica, como a indústria imobiliária e concessionárias de automóveis, insistem em desafiar o império da lei. Para eles, a Cidade Limpa é pura ficção.
Enquanto o comércio da região teve de investir em reformas de fachadas para se enquadrar na lei, tais segmentos continuam a usar postes públicos onde colocam placas ambulantes e a distribuir, nas esquinas, panfletos que jogados no chão, após serem manuseados, vão entupir bocas-de-lobo que terão de ser limpas pelas equipes da Sub Lapa sob pena de deixar a região ainda mais vulnerável a qualquer chuva mais forte.
Por tudo isso, prezado prefeito, fica aqui uma pergunta que insiste em não se calar. E ela vem de um munícipe da região, o leitor Ernesto Cezar, que nos escreveu para protestar da panfletagem no Alto da Lapa “Até quando?” Sim, até quando, acrescentamos nós, teremos uma Cidade Limpa que vale para muitos e não para todos?
Atenciosamente: Jornal da Gente”.

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