Estripolias

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UBIRAJARA DE OLIVEIRA DIRETOR

Todas as manchetes de jornais apontaram o dedo para um único rosto no episódio que qualificado como a primeira grande derrota do prefeito empossado José Serra. Uma ardilosa manobra dos vereadores de oposição derrota o candidato do PSDB, vereador Ricardo Montoro, elegendo para a presidência da Câmara Municipal um outro vereador do PSDB. Traidor foi o adjetivo mais lembrado para mostrar o comportamento de Roberto Tripoli, o vereador eleito para a presidência, além de outros impublicáveis.
Esta seria, segundo o raciocínio dos analistas políticos, a forma encontrada pelos vereadores de oposição para fazerem frente à disposição do prefeito eleito em não lotear os cargos da administração municipal, entre os quais o de subprefeito, além das indicações já definidas e conhecidas para as Secretarias Municipais contemplando os partidos aliados.
Como que para corroborar suas intenções em não ceder às costumeiras pressões políticas por cargos, para as Subprefeituras seriam nomeados para um mandato tampão de até 90 dias os engenheiros de carreiras responsáveis pela Coordenadoria de Conservação e Infra-Estrutura Urbana. No caso específico da Lapa, caberia à engenheira Nelma Heiffig esta responsabilidade, conforme e-mail enviado à Subprefeitura.
Segunda-feira, dia 3 de janeiro, já trabalhando em seu gabinete Nelma recebe o Diário Oficial do Município com a nomeação do engenheiro Armando Fuim, também do quadro de funcionários da Subprefeitura da Lapa, ex-administrador regional, segundo fontes ligado ao vereador Paulo Frange do PTB, portanto da oposição.
Rumores durante a semana dão conta de que a nomeação, neste caso, é definitiva e não temporária. Consulta ao Diário Oficial revela que episódios semelhantes ocorreram em outras subprefeituras com indicação de engenheiros de carreira ligados a vereadores de oposição com trabalho nas regiões específicas.
Começa a ser lícito supor de que todos estes acontecimentos foram orquestrados com um propósito bastante claro: fazer aquilo que se disse que não seria feito, ou seja, lotear a administração municipal para os vereadores. Talvez inspirado pela leitura do Código Da Vinci, entre o Natal e o Ano Novo, imaginam-se as seguintes possibilidades. Ricardo Tripoli é eleito com o consentimento de José Serra. Esta conversa de mandato tampão para os subprefeitos não passaria de uma lorota para desmobilizar a comunidade e manter o mesmo esquema de favorecimento das administrações anteriores.
Para José Serra, a quem atribuem ter feito o que se fez com Roseana Sarney, quando candidatos à Presidência da República, teria sacrificado (para não dizer outra coisa) o seu companheiro de partido Ricardo Montoro nestes acordos com os vereadores de oposição, garantindo a maioria de que precisa para aprovar seus projetos. E os discursos de mudança, seriedade e transparência serviriam como pano de fundo para desviar a atenção de toda esta manobra. E nós, eleitores e cidadãos, continuaríamos fazendo o nosso papel, o de tolos, num roteiro digno de um Dan Brown.
Improvável? É difícil afirmar. Mas é de virar o estômago.

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