Leopoldina avalia impactos

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Ao ver o seu bairro envolvido num gigantesco crescimento vertical, a comunidade leopoldinense analisa a questão sob duas ópticas diferentes: há quem entenda que grandes edifícios valorizam a região e há aqueles que saiam em defesa de uma verticalização de menor porte, capaz de frear o adensamento populacional numa área de forte atração imobiliária, garantindo assim, melhor qualidade de vida. Um bom exemplo disso é o empreendimento Sky House, obra da Kallas Construtora, localizado na Rua Carlos Weber, próximo ao Sesi Vila Leopoldina. Tratam-se de duas torres residenciais, uma com 136 metros e outra de 133 metros, totalizando mais de 700 vagas na garagem para os moradores, com o maior edifício chegando ao 40º andar. Assim que o stand de vendas foi montado no início deste mês, moradores da região se manifestaram colocando faixas de protesto nas vizinhanças do futuro empreendimento e usando até carro de som para divulgar manifestos, que pediam aos interessados em adquirir uma unidade no Sky House que desistissem da idéia. Esse tipo de pressão acabou na delegacia do bairro com direito à abertura de inquérito.
O que o Jornal da Gente pôde apurar em relação ao descontentamento da comunidade vai desde a defesa de interesses privados de moradores vizinhos, preocupados com a perda de privacidade até preocupações de ordem técnica e ambiental. Setores comunitários intensificaram, por exemplo, o sinal amarelo depois dos problemas ocorridos, recentemente, no bairro de Moema onde a área de construção de um edifício de 12 andares cedeu afetando residências vizinhas.
Ao que tudo indica, o problema ocorreu devido ao tipo de solo da região. Tendo como espelho esse tipo de situação, a comunidade quer garantias do poder público que a construção de torres com mais de 130 metros seja, de fato, segura.
Engenheiros e arquitetos da Kallas garantem que o empreendimento, dado ao porte da obra, foi gestado há mais de dois anos, amparando-se no que há de mais moderno e eficaz em termos de concepção arquitetônica e construção civil. “Ao leigo, o tamanho do edifício impressiona e pode até causar certa preocupação Porém, podemos garantir que esse projeto não é uma aventura nem do ponto de vista da arquitetura nem da engenharia”, afirma o diretor comercial da construtora, Carlos Menezes. “Prédios de quase 30 andares já foram construídos na Carlos Weber sem que se verificassem problemas de afundamento do solo. O Sky House será erguido com técnicas construtivas seguras e eficientes. Prova disso é que, dada altura das torres, fizemos exaustivas simulações num túnel de vento, para ver quais os efeitos desse fator no complexo das torres”.
Entre os arquitetos é comum dizer que um projeto arquitetonicamente correto é aquele que consegue, entre outras coisas, dialogar com as edificações e paisagens ao seu redor. Há na comunidade quem aponte essa falta de sintonia entre o Sky House e a sua vizinhança, considerando a obra uma excentricidade de egos profissionais. Uma das arquitetas responsáveis pela concepção das torres da Leopoldina, Gabriela Moganes, discorda. “Não há discrepâncias nesse projeto. Ela dialoga, sim, com o entorno já tomado por torres altas”.
Por fim, há quem tenha dúvidas sobre a legalidade da obra do ponto de vista da lei do zoneamento, já que pela legislação uma obra desse porte no terreno da Carlos Weber não seria aprovada. “Seguimos rigorosamente todos os trâmites legais, protocolando toda a documentação bem antes da entrada em vigor, em fevereiro de 2005, do novo zoneamento da cidade”, garante Menezes.

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