O crônico miserê social

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EDUARDO FIORA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entrevistado em Brasília pelo programa Roda Viva, da TV Cultura, acha fantasiosa a versão de que dinheiro cubano tenha alimentado os cofres do PT. Ao responder a uma pergunta sobre esse assunto, Lula afirmou: “Eu conheço o miserê que Cuba está vivendo, eu não posso acreditar que Cuba tenha dinheiro para dar”.
Se essa entrevista tivesse sido ido ao ar em tempo real, algum paulistano poderia ter perguntado ao presidente: “O senhor conhece o miserê de alguns bolsões na Zona Oeste de São Paulo?”. Esse mesmo questiona- mento poderia ser feito às autoridades do Município, já que se discute o orçamento da cidade para 2006.
Na Audiência Pública da Comissão de Finanças da Câmara, ocorrida na Sede da Subprefeitura Lapa no dia 7, ficou claro que uma das grandes preocupações das comunidades dizia respeito à questão habitacional. Grupos de moradores reivindicaram uma efetiva intervenção do poder público em áreas como o Jardim Humaitá (Leopoldina), Favela Jagua- ré e um alojamento na avenida José Maria de Faria (Lapa).
É imperativo que a atual administração José Serra libere recursos para essas e outras áreas consideradas críticas em relatórios da Coordenadoria de Assistência Social da Subprefeitura. Não se pode aceitar, por exemplo, o fato de o orçamento de 2005 não ter incluído um único real para solucionar a questão do alojamento Humaitá. Esse caso emblemático de submoradia nasceu na gestão Marta Suplicy, mas teve origem direta no governo Pitta.
Nesse período, que abraça três gestões , os bolsões de injustiça social na Zona Oeste aumentaram significativamente, contrastando com a explosão vertical de luxo em áreas como a Lapa e Leopoldina. Tal fato não pode ser ignorado pelo atual Executivo municipal. Afinal, como reza o próprio programa nacional do PSDB, ao abordar o planejamento nos grandes centros, “trata-se de criar um contexto que associe o desenvolvimento urbano à melhoria contínua da qualidade de vida em geral, ao estancamento – e reversão – da degradação do acervo ambiental, à eliminação dos déficits cultural, habitacional, educacional e de saúde, e ao equacionamento do drama da violência urbana”
Em 2006, a Zona Oeste poderá comprovar se tal proposta é apenas uma boa peça retórica ou se, de fato, corresponde a uma práxis política de resgate da cidadania de milhares de paulistanos.

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