O que há por trás da blitz na caixaria

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Caixas são apenas parte do problema

Quem passa pelo cruzamento das Ruas Xavier Kraus e Avenida Mofarej, na Vila Leopoldina, nem imagina que semanas atrás uma blitz envolvendo 400 homens foi montada conjuntamente pela Prefeitura e Governo do Estado. A atividade dos caixeiros, que reformam caixas de madeira usadas pela cadeia do abastecimento alimentar, continua a dominar a região, mostrando o quão inútil foi a montagem de uma força-tarefa para limpar a área. Até mesmo um empresário que tem negócios nessa região da Leopoldina mostra-se perplexo em relação à mega blitz. “Seria melhor que esse tipo de atividade (a dos caixeiros) não ocupasse as calçadas. Mas o que foi feito (a blitz) não resolve nada. O certo é que temos um problema. Isso precisa ser enfrentado de forma coerente”, afirma a fonte que prefere não ser identificada.
Mas seriam os caixeiros o alvo principal dessa força-tarefa? Para responder a essa pergunta é preciso levar em conta aspectos políticos e econômicos. No centro de tudo está a Ceagesp, o maior entreposto de alimentos da América Latina. Controlado pelo governo federal, o entreposto interessa ao governo de São Paulo que deseje ter volta o controle da Central. “A Ceeagesp cumpre um papel fundamental no abastecimento da Grande São Paulo. Nas mãos do governo do Estado, ela pode ser redimensionada, enxugada, modernizada”, sustenta o governador Jose Serra.

O outro lado

Porém há quem tema pelo futuro da Central na Leopoldina caso ela seja de fato, estadualizada. Especialistas dizem que uma vez nas mãos do tucanato, cujo programa partidário defende as privatizações, crescem as chances de venda para a iniciativa privada com conseqüente transferência de local.
Em relação a esse tema, o presidente da Ceagesp, Francisco Cajueiro, sustenta as dificuldades de uma possível mudança de endereço do entreposto paulistano. “Ao propor a transferência da Ceagesp para o Rodoanel, deixaram de considerar que a área sugerida não está pronta para absorver uma atividade que envolve uma estrutura complexa, composta por  empresas, pessoas e uma logística responsável pela distribuição de alimentos para todo o Estado de São Paulo, outras regiões do Brasil e países da América do Sul”, afirma Cajueiro. “Também não levam em consideração que a empresa de economia mista Ceagesp,  quando passou a fazer parte do governo federal, em 1997, foi inserida no Programa Nacional de Desestatização. Desde então, suas ações (e não o terreno da Ceagesp, como foi divulgado) estão sob a guarda do BNDES”, acrescenta o presidente do entreposto.

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