ONG propõe “educomunicação”

0
707

RENATA DE GRANDE

Utopia ou realidade? Será possível viver em uma sociedade onde os princípios básicos são a democracia, horizontalidade, sociabilidade, direito á integridade, desenvolvendo no individuo as suas maiores capacidades, a partir da comunicação? A reposta é sim. Há 10 anos a ONG Cala-boca já morreu – Por que nós também temos o que dizer!, instalada no bairro do Jaguaré, provou que tal associação de valores é realidade. Idealizada por Grácia Lopes Lima, psicopedagoga e o filósofo, Donizete Soares, a idéia da ONG surgiu durante o período da ditadura militar, no final dos anos 70.
Segundo Grácia Lima, “inquietação” foi a palavra-chave para que a ONG tornasse possível esse amplo projeto social, que ela define como “integração” e não “inclusão”. “Falar em inclusão passa a impressão de que sou superior e serei caridoso ao incluir o outro em alguma coisa. Então, não interessa de onde veio, estamos todos integrados”, categoriza a psicopedagoga, ressaltando que o Cala-boca não faz nenhum tipo de trabalho assistencialista.
A idéia do projeto é bastante simples e original: fornecer conhecimento sobre os meios de comunicação promovendo a educação na prática. Grácia explica que esse conceito surgiu com pesquisas do Núcleo de Educação e Comunicação da Escola de Comunicação e artes da Universidade de São Paulo (NCE-ECA/USP), e que o Cala-boca é um exemplo de “educomunicação”, um novo campo do conhecimento, que trabalha na junção de duas áreas tradicionais: Educação e Comunicação.
A ONG oferece gratuitamente oficinas de rádio, TV , vídeo e jornal, como meios de educação para crianças, jovens adultos, além de pessoas com problemas na área da saúde mental. Os trabalhos são desenvolvidos não só em sua sede, como também em outros lugares. “Aqui nos trabalhamos a idéia de grupo, da responsabilidade coletiva e, principalmente, a igualdade. No Cala-boca uma criança de nove anos conversa em pé de igualdade com um adulto de 70”, afirma a idealizadora e coordenadora do projeto.
Como uma das poucas ONGs no Brasil que não recebem dinheiro de nenhum órgão público ou privado, o Cala-boca vive de seu próprio trabalho. “Graças a nosso empenho, nunca precisamos buscar recursos externos. Atualmente, estamos envolvidos em quatro projetos, onde a receita serve para bancar o nosso aluguel, contas como telefone, água, e, ainda, sobram recursos para dividir com as pessoas envolvidas”, esclarece Grácia.
A trajetória do Cala-boca já morreu já é conhecida mundialmente. Alguns representantes da ONG foram convidados para participar de congressos internacionais, em diversos Países do mundo, tais como Japão, Marrocos, África do Sul, entre outros.
A ONG Cala-boca já morreu fica na Avenida General Marc Arthur, 96, Jaguaré. Telefone 3719-3098.

Foto: André Albano

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA