Os males da violência silenciosa

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A pior violência é a cometida silenciosamente, entre quatro paredes. E, infelizmente, ela é mais freqüente do que se possa imaginar e sua maior cúmplice é o silêncio das vítimas. Para isso contribuem vários fatores. Existe quase sempre a esperança de que o comportamento possa ser mudado, o medo e, na maioria dos casos, a dependência econômica. Também é sabido que a chamada violência doméstica, normalmente perpetrada a mulheres e crianças, não é exclusividade das classes menos favorecidas. Ela está presente, em grau assustador, também nas camadas mais altas da sociedade.
Para atender este tipo de violência, classificada como “desinteligência” pelas autoridades policiais, existem poucos órgãos públicos, tanto na esfera municipal quanto estadual. A ex-prefeita Luiza Erundina criou a Casa Eliane de Grammont durante sua gestão, mas ela ficou acéfala durante muito tempo. Ligada diretamente ao gabinete da prefeita, recentemente passou por uma ampla reforma física patrocinada pelo Consulado Japonês e está sendo otimizada. É um alento e a esperança é de que outras casas Eliane de Grammont sejam abertas no município.
Outra boa notícia é o Projeto Violência: Visão, Missão e Atuação Intersetorial, que começou a ser desenvolvido pela Coordenadoria de Saúde da Subprefeitura da Lapa, com o objetivo de sensibilizar e capacitar os profissionais da área de saúde no atendimento às vítimas de qualquer tipo de violência, seja ela familiar ou externa. Hoje, todos os postos da Coordenadoria possuem profissionais capacitados para reconhecer casos de violência. Este primeiro passo é importante para que se possa realizar um trabalho com a vítima e seus familiares. Além disso, ele possibilitará que se faça um mapeamento do problema na região, já que muitas pessoas que sofrem violência não querem ou não têm coragem de registrar o fato nas delegacias.
Outra violência que normalmente é escamoteada é a do preconceito racial, principalmente contra os negros. Isso, embora o Brasil seja o segundo maior país em população negra, ficando atrás apenas da Nigéria. Para o professor Eduardo de Oliveira, presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro, a elite nacional ainda defende que vivemos numa democracia racial, o que é uma falácia. Ele entende, porém, que o país passa por um momento de autoconscientização e a sociedade começa a reconhecer o erro histórico da escravidão e a violência que deixou como herança. Menos mal, mas sabemos que o caminho a trilhar será longo. Mas como é chegada a hora do sonho vencer a manhã, não custa acreditar…

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