Partidarismos

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JOSÉ DE OLIVEIRA JR. REPÓRTER

Numa democracia, a organização política é livre por lei e pela realidade. Qualquer cidadão pode pertencer a qualquer grupo, igreja, clube e associação. Pode inclusive participar de sindicatos e partidos políticos.
Entretanto, o que mais chama a atenção de um bom observador é o exagero da defesa de uma tendência, sobretudo partidária. Esse sectarismo é um problema porque tapa a visão da razoabilidade humana. O bom senso é substituído pela fé cega do credo político. O Jornal da Gente é radicalmente a favor da comunidade porque acredita que ela esteja acima dessas disputas partidárias.
O leitor pode achar que esta defesa se torna muito bairrista. Pode até ser. No entanto, a linha editorial do único veículo de comunicação que escuta os moradores da Lapa e da Vila Leopoldina permite uma convicção política apartidária de que sem uma comunidade forte não existem conquistas para os moradores. A luta ideológica causa retrocesso se não levar em consideração as entidades representativas da comunidade da região, que sempre devem ser ouvidas pelas autoridades competentes porque paga impostos, cobra melhorias e participa livremente das ações locais.
É óbvio que os partidos políticos são legítimos e merecem o seu espaço na sociedade. O que não se pode é levar as últimas conseqüências, acreditando que o partido é a única instância de poder de representatividade. Mesmo porque muitas das nossas entidades são mais antigas que essas siglas partidárias e sempre lutaram por uma causa original – defender o bairro onde os seus integrantes vivem e sofrem na carne com o descaso público e privado.
As entidades da região, como associações amigas de bairro, também são mais livres que os partidos políticos, pois não têm vínculo com instâncias do poder. Os partidos procuram seu meio, girando em torno da conveniência ou convicção de que ou estão na situação ou na oposição ao administrador constituído, perdendo a razoabilidade. O oportunismo partidário é que rege os interesses dos seus militantes em busca do poder. As entidades representativas da comunidade, ao contrário, almeja melhorias no bairro onde mora. Mesmo que haja falhas, a correção pode ser feita pelos próprios moradores, que podem organizar outra entidade ou participar das organizações já existentes.
Inclusive, existem movimentos comunitários que começam a surgir com objetivos específicos, por exemplo, podemos citar o Movimento em Oposição à Verticalização (Mover), que luta para manter a qualidade de vida dos moradores do entorno da Vila Romana. Existe ainda o Movimento Popular de Vila Leopoldina, que tem como objetivo implantar o Parque Villas Bôas no lugar da famigerada e agora desativada Usina de Compostagem de Lixo, além de melhorias urbanas no bairro. O movimento contra a MP 232, onde a Associação Comercial de São Paulo – Distrital Lapa (ACSP-Lapa) e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo – Distrital Oeste (Ciesp-Oeste) também buscam maior justiça tributária no Brasil.
Estes movimentos floresceram por uma causa e são livres ideologicamente. Acredito que seja uma vantagem não ser ligada a nenhuma corrente partidária, pois essas boas ações políticas acabariam por atender as necessidades dos caciques do partido, deixando os integrantes dos movimentos e associações reféns das benesses do poder.
Outro aspecto essencial para se entender a Região da Lapa e seus moradores é sempre olhar para os lados, verificar os problemas e saber ouvir mais do que falar. Quem não conhece o bairro da gente precisa ter a humildade para dialogar e a consciência de que o morador sabe mais que os representantes do poder público e dos partidos. Sem essa determinação política, provavelmente, o ostracismo tomará conta dos sectários e o fracasso se instalará, como um solitário na multidão, sem saber para onde ir.

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