Por uma sintonia social

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EDUARDO FIORA

Na última quinta-feira, o Jornal da Gente participou de um encontro na Fiesp, que colocava em pauta o Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente (FUMCAD), vinculado à Secretaria Municipal de Participação e Parceria. Ele é formado por doações de pessoas físicas e jurídicas, que em contrapartida, podem abater tais valores de suas declarações do Imposto de Renda, no limite máximo de 6% e 1%, respectivamente, sobre o valor devido ao fisco. O dinheiro arrecadado é repassado a projetos sociais aprovados pelo Conselho Municipal da Criança e do Adolescente.
Segundo a prefeitura, o FUMCAD paulistano tem potencial de arrecadação de pelo menos R$ 100 milhões anuais. Porém, em 2004 entraram para esse importante fundo social apenas R$ 1 milhão, o que mostra claramente o não engajamento da sociedade em torno de uma iniciativa, cujo objetivo é resgatar a cidadania de milhares de crianças e adolescentes.
Ao ouvir o relato da presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Albertina Duarte, sobre os indicadores sociais da infância e adolescência em nosso país, logo me vieram à mente as imagens dos bolsões de miséria da Lapa, Leopoldina e Jaguaré. Agentes pastorais já nos informaram que em alguns destes locais são preocupantes os problemas da gravidez de jovens com até 15 anos, bem como os índices de mortalidade infantil. A palestra de Albertina Duarte seguiu pelo mesmo tom de alerta. No Brasil, a cada hora, 200 crianças morrem antes de completar um ano de vida. Em São Paulo, esse índice é menor, mas ainda merecedor de atenção: 20 óbitos por hora.
De volta à nossa realidade local e diante desses números, cabe uma reflexão: não seria esse o momento oportuno de se criar um fórum social permanente, reunindo representantes da sociedade civil desses três bairros? Um fórum de estudos e debates formado pela adesão de instituições de ensino locais, empresas estatais da região (Correios e Ceagesp, por exemplo), entidades com perfis notadamente sociais (Sesi, Rotary), iniciativa privada, ONGs, entidades religiosas, imprensa comunitária, OAB, subprefeitura, corporações policiais e associações amigos de bairro.
A partir de um amplo e sincero diálogo, acima de qualquer partidarização e ideologia, seria possível, efetivamente, planejar novas ações e potencializar as já existentes, de modo a reverter os cenários de exclusão social nos bairros onde moramos e/ou trabalhamos.

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