Prefeitura desaloja até recém-nascido

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Crianças são vítimas da ação da prefeitura

Um paradoxo social marcou a semana na Lapa de Baixo, onde um grupo de famílias – incluindo crianças, gestantes e até mesmo um recém nascido – viveu o pesadelo da retroescavadeira da Subprefeitura.
Por decisão da Justiça, que atendia a um pedido da Secretaria Municipal de Habitação, 10 famílias estão sendo expulsas do alojamento Ponto Frio (Rua José Maria de Faria), criado pela própria prefeitura em 2003 para abrigar famílias que estavam em situação de risco na favela do Morro do Sabão (Jaguaré). A promessa era de que em 90 dias elas seriam removidas para moradias dignas. O prometido só foi cumprido quatro anos depois, no entanto com um porém. As famílias que chegaram ao alojamento após o cadastramento inicial não foram contempladas com novas moradias. “Eles são invasores. Estou aqui cumprindo uma ordem da Justiça. Portanto, comecem a derrubar os barrocos”, ordenava o chefe de gabinete da Subprefeitura Lapa, Roberto Nappo, à sua equipe.
Ao lado de Nappo, a jovem Vanda, 24 anos, segurava um pedido de liminar, protocolado pela Defensoria Pública, solicitando à Justiça a suspensão da remoção. Aos prantos, ela dirigia-se a Álvaro Ramos, membro do Conselho Tutelar (órgão que fiscaliza se os direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente estão sendo cumpridos). “Tenho três filhos. O caçula tem um ano. O do meio tem três. Meus Deus! Onde é que o vamos morar? ” Friamente, o conselheiro respondeu: “vocês não têm razão alguma. Invadiram e agora têm de sair. Quem tem para onde ir, que vá. Quem mão tiver, a subprefeitura está oferecendo o albergue”. Essa também era a opinião de Rosangela Zanetti, da Coordenadoria de Assistência Social. Todos compartilhavam e ordens do pensamento do secretário municipal de Habitação Orlando de Almeida Filho,
Para o Defensor Público Carlos Henrique Loureiro, a oferta feita pela Subprefeitura de transferir os moradores para albergue não é correta. “Esse tipo de abrigo não é apropriado para a vida em família”, avalia Loureiro.
Ao final de uma tarde de impasses, a Subprefeitura, sem explicar os motivos, desistiu da remoção. Porém, segundo Vanda, as equipes responsáveis pela remoção prometeram voltar na segunda-feira, 29, para realizar a retirada dos barracos.

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