Reformas de que base?

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O ponto alto da semana foi a queda do dólar, a baixa do risco Brasil, a valorização das ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo e melhoria dos títulos do governo brasileiro negociado em Nova York. Todo este otimismo se deve ao empenho governamental para a aprovação, o quanto antes, das reformas previdenciária e tributária.
Os dois projetos foram entregues ao Congresso Nacional com a pompa de uma solenidade de posse. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado dos 27 governadores, apresentou a força da união, em defesa da Reforma na Previdência e Fiscal, tão essenciais para o Brasil entrar num ciclo de desenvolvimento econômico e social. Entretanto, é muito estranho que um governo de esquerda – que antes na oposição era contrário à cobrança dos inativos (o ponto mais polêmico da proposta) e eleito por muitos que não aceitam a contribuição dos aposentados – agora no poder seja o maior defensor dessas medidas impopulares.
Esquisito também é o fulgor de membros do alto escalão do governo Lula e da elite do Partido dos Trabalhadores no combate aos dissidentes do próprio PT – antes amigos e comungando da mesma doutrina – e aos membros da Central Única dos Trabalhadores (CUT) – um antigo aliado sindical. O governo Lula terá mais apoio da oposição, que originalmente era a favor das duas reformas, do que da atual base governista. Curiosidade da História ou incoerência política?
Por que este jornal de bairro escreve sobre este comportamento do Planalto, longe da Lapa? A nossa região concentra um grande número de idosos e aposentados. São pessoas que necessitam de maior esclarecimento sobre as medidas. O direito adquirido será levado em consideração pelos juizes do Supremo Tribunal Federal para os atuais beneficiários da previdência? Além disso, um morador me procurou, afirmando que ainda não teremos uma Previdência Social unificada, sobretudo para combater a distorção dos membros do Congresso Nacional. Os parlamentares ainda serão beneficiados com aposentadorias muito acima do teto salarial de R$ 2.400,00, proposta no projeto tanto para os funcionários públicos quanto para os trabalhadores do setor privado, ainda garantem mordomias e se aposentam muito cedo.
O projeto não vai corrigir a aposentadoria especial de deputados e senadores. Também não foi divulgado nenhuma política de combate à corrupção. O governo federal também deveria mostrar à população um plano para reduzir a sonegação e a marginalização do sistema previdenciário. Segundo dados do próprio Ministério da Previdência, de cada 10 trabalhadores da ativa, apenas quatro contribuem para o Instituto Nacional de Serviço Social (INSS). Esta realidade precisa ser mudada com grandes campanhas de massa e um incansável trabalho de conscientização para mudarmos uma cultura há anos enraizada.

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