Tombamento ou fechamento da City?

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JOSÉ DE OLIVEIRA JR. REPÓRTER

Na semana passada, tivemos uma notícia que vai causar polêmica na nossa região. O anúncio da conclusão do processo de tombamento da City Lapa ainda este ano por parte do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat) suscitará muita discussão. Entretanto, é bom lembrar que todo o estudo do órgão para esta finalidade começou há quase seis anos. Com esta nova realidade urbanística na City Lapa, existem pontos positivos e negativos, que a comunidade lapeana deverá avaliar seriamente. Os dois lados não podem cair em dogmatismo, muito menos em “achismo” ingênuo, para não comprometer o bom nível de convivência no bairro.
É importante a participação popular para que tenhamos um diálogo civilizado entre os diferentes. Haverá muita controvérsia, o que é fecundo, pois todo o debate necessita de posições contrárias fundamentadas. Não é tão simples identificar com clareza esses dois grupos antagônicos. No entanto, é possível caracterizar alguns membros.
Temos de um lado moradores antigos que lutam pelo tombamento da City Lapa, mantendo as rígidas normas de loteamento da Companhia City. Para este grupo, o bairro deve se manter “congelado”, porque, segundo eles, desta maneira se garantirá a qualidade de vida e a importante preservação da área, como uma ilha arquitetônica, cercada pelo caos urbano que devasta a cidade.
Para seus membros, a City Lapa se tornaria um símbolo de resistência à verticalização e ao transtorno de trânsito. Eles se reuniram numa entidade de bairro, conhecida como Associação de Amigos e Moradores pela Preservação do Alto da Lapa e Bela Aliança (Assampalba), fundada em 1992 sob esta bandeira.
Aqueles que são contrários ao tombamento do bairro são mais dispersos. Alguns moradores temem a queda no valor de suas propriedades. Outros acreditam que a região da City Lapa se esvaziará, pois é muito complicado fazer uma reforma numa casa, seguindo as novas regras impostas pelo Condephaat. Os poucos comerciantes ou donos de algum negócio também seriam afetados pelas normas técnicas estabelecidas pelo órgão e seriam obrigados a fechar suas portas.
Enfim, a determinação de tombar o bairro ainda neste ano talvez seja o grande tema de discussão em 2004. O Condephaat não vai voltar atrás nas suas determinações, pois desde março de 1998 iniciou o processo de tombamento, decidido numa reunião ordinária entre o seu colegiado, composto por especialistas. Porém, a voz da comunidade é muito importante para possíveis adaptações e ajustes nos herméticos dispositivos legais.

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