Veterano recorda guerra

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JOSÉ DE OLIVEIRA JR. REPÓRTER

Aos 91 anos, o paraibano Francisco Bento da Silva participou como soldado na Revolta Constitucionalista de 1932, ao lado dos paulistas. Morador da Rua Cuevas, o veterano contou que desembarcou em São Paulo em 8 de julho de 1932 e trabalhou na construção de uma ferrovia em Araçatuba (interior paulista).
Após um discurso inflamado de uma mulher fardada, Silva e perto de cem trabalhadores da estrada de ferro se alistaram no 4º Batalhão do Regimento 9 de Julho e combateram nas trincheiras do Morro do Gravi, entre Moji-Mirim e Itapira, perto da divisa com Minas Gerais.
O veterano destacou o papel da mulher na Revolução de 1932, como apoiadoras dos soldados no campo de batalha. “Elas bordaram roupas de lã para nos proteger do frio do inverno”, disse o veterano da guerra paulista, ressaltando que todos os seus colegas combatentes foram para o conflito pelos ideais de liberdade e pela constituição, negada pelo presidente Getúlio Vargas.
A vontade era maior do que o treinamento. “Os paulistas receberam baionetas e a munição na hora, sem qualquer tipo de preparo. Nas trincheiras, tivemos de aprender sozinhos a manusear a arma”, relembra o ex-combatente que recebe R$ 300,00 mensais de indenização por ter dado a sua vida pela causa.
Mesmo com todas essas dificuldades, Silva disse que era comum na época se falar que os paulistas desfilariam no Rio de Janeiro, comemorando a vitória no dia 7 de setembro. “O que aconteceu foi exatamente o contrário. Fomos presos no dia 5 e no Dia da Independência do Brasil estávamos na cadeia de Ilha Grande, onde permanecemos por um mês e meio”, recorda Silva. Em 2 de outubro, houve um acordo de cessação das hostilidades entre os paulistas e o governo federal.
O diretor do Colégio Santo Ivo, José Carlos de Barros Lima, responsável pela nova associação de Veteranos de 32 – Núcleo da Lapa, convidou Francisco Bento da Silva para ser membro na categoria Veterano da entidade. Silva, cujo neto Mark William Datysgeld estudou no Santo Ivo, deixou alguns registros e um depoimento histórico sobre sua experiência no combate. Mais informações sobre o MMDC da Lapa pelo telefone 3837-0566, com José Carlos de Barros Lima.

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