Ao pé do ouvido

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Ele se chegou devagar e me disse, bem dentro do meu ouvido esquerdo, que é bem melhor que o outro:
Você está deixando que a velhice o vença. Reaja já! Domine o seu corpo. É ele que o serve, não é você que serve a ele. Você o comanda e ele adora obedecer o seu comando. Se você lhe ordena mais força e mais capacidade ele se alegra em suas células, e elas reagem favoravelmente e você é quem se ergue e se agita na alegria dos muitos dias com que Deus cumulou a sua vida. É isso aí, meu querido corpo velho. Há muita força ainda em você! É claro que você não pode aquilo que podia na sua já longínqua mocidade: comer bem, beber bem e, ainda, dormir bem! Agora, você tem que segurar um pouco mais no comer e no beber, senão o corpo vai chiar. Ouça o que lhe diz o estômago: “meu querido velho, você já não pode contar comigo para receber um bolo alimentar grande! Coma menos! Beba só um pouquinho de vinho ou de cerveja. “Ouça o que lhe dizem as pernas: “Olhe cá, velhinho. É muita barriga para os gambitos. Você tem que emagrecer pelo menos uns dez quilos? São dois sacos de farinha de cinco quilos cada! Você resmunga e vem com a ladainha de que você levou a vida inteira, mais de oitenta anos para ganhar essa pança e, agora, devo perdê-la? Você tem que perdê-la, porque senão você vai perder as pernas… Ouviu?”
Eu fiquei ouvindo e ele acrescentou: “Vamos reagir não só no corpo, mas na alma. Seja otimista e enfrente a velhice com alegria e com a cabeça erguida. Ora bolas, você sempre venceu as suas batalhas. Não se deixe abater agora: não deixe o corpo encurvar-se. Se não for mesmo possível use o apoio da bengala. É melhor a bengala do que você andar curvado.
Ele terminou: “já chega. Lembre-se: “Fraco é aquele que fraco se imagina!” Vou embora! Cabe a você o comando. Vamos lá!

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