Memória ameaçada

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O sonho do lapeano Miguel Dell’Erba de ter um local para o museu com a história da Lapa está ameaçado. As peças do Museu da Lapa Miguel Dell’Erba que ficam no Centro de Memória e Convívio Cecília Meireles, criado para abrigar o acervo histórico, deve deixar o bairro em breve, afirma a supervisora de Cultura da Subprefeitura, Adriana Madalena Reis. Ela alega que o acervo está em perigo no prédio da Rua Araçatuba por ficar em ambiente inadequado que sofre com enchentes. As peças devem ser transferidas para o Museu da Cidade que tem estrutura para preservação do acervo, segundo Adriana. 

Se estivesse por aqui Dell’Erba por certo impediria. Aliás, o museu leva seu nome porque ele foi o primeiro guardião da memória do bairro. Alfaiate apaixonado por esportes e filho de imigrantes italianos, Miguel Dell’Erba acalentou o sonho de criar um espaço reservado para preservação da memória da região da Lapa, durante muito tempo. “Foi assim que em 1976 surgiu o Museu da Lapa (conhecido como Museu Miguel Dell’Erba), com sede na biblioteca da Rua Catão (611)”, relatou se sobrinho Eloi Murari em matéria publicada no Jornal da Gente de julho de 2008.

Na verdade o museu foi idealizado por Miguel Dell’Erba e por seu amigo Olympio Perrone. Por conta da iniciativa pioneira, a Lapa foi o primeiro bairro a ter sua história documentada e levada ao conhecimento do público com documentos e fotos doadas pelas famílias pioneiras do bairro. Na época a comunidade se mobilizou para ampliar as instalações do museu na própria biblioteca da Catão. Passados 30 anos da reforma, a Subprefeitura da Lapa coordenou a reforma de outra biblioteca, a Cecília Meireles para criar um novo e amplo espaço para o acervo do Museu Miguel Dell’Erba, transformando o prédio em Centro de Memória. 

Melhor assim, pois em julho de 2007, parte do acervo corria o risco de ser “despejado” da Biblioteca Mário Schenberg (Rua Catão). Só poderiam permanecer os arquivos de fotos e jornais, as peças guardadas no saguão teriam de ser retiradas, dizia a então coordenadora do Sistema Municipal de Bibliotecas, Maria Zenita Monteiro. O motivo, segundo Zenita, era uma decisão da Secretaria de Cultura de transferir para a Rua Catão a parte administrativa da gestão das bibliotecas da cidade.  Os responsáveis pela biblioteca Mário Schenberg avisaram que se a comunidade não providenciasse um novo local para objetos históricos no contexto da Lapa e região, o acervo seria retirado do bairro por um caminhão da Prefeitura.

O Centro de Memória foi inaugura em maio de 2009 com a presença do então secretário Carlos Augusto Calil e a subprefeita Soninha Francine depois de muitas discussões com a comunidade. Até hoje, o Museu da Lapa parecia ter um espaço definitivo no Centro de Memória e Convívio da Lapa da Rua Araçatuba, como sempre desejou seu primeiro guardião, mas a supervisora de Cultura diz que a idéia é levar o acervo para o Museu da Cidade. Se a mudança se concretizar, a memória do bairro ficará ameaçada para as futuras gerações.

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