Emergência cultural

0
1151

A comunidade lapeana lotou o auditório da Casa de Cultura Tendal da Lapa para o encontro com o secretário Municipal de Cultura, Nabil Bonduki, organizada pelo Conselho Participativo, quinta-feira. Nabil falou da importância da aproximação da comunidade e da dificuldade de recursos enfrentadas pela pasta.

A precariedade das instalações do Tendal estava entre os temas da reunião. O local passou por alguns retoques, mas necessita de investimento na melhoria da infraestrutura, como das instalações elétricas, hidráulicas, banheiros além de melhorias no telhado. Aliás, um detalhe chamou atenção de quem, por algum motivo, olhou para o teto. Uma telha, quase na direção da cabeça do secretário, estava desencaixada. O detalhe ilustra a situação do prédio.

O espaço cultural começou em 1989 a partir do “Grupo Teatro Pequeno” com uma “invasão cultural” no antigo prédio entreposto de carnes da região, o Tendal da Lapa, em uma tenda. A oficialização como espaço de cultura foi em dezembro de 1992, em 2005 um acordo entre Governo e Prefeitura pretendia desativar o espaço cultural para implantação do Poupatempo Lapa no local, mas nasceu o Movimento em Defesa do Tendal com manifestações e um abaixo-assinado com mais de 7500 assinaturas. O resultado foi o tombamento pelo Patrimônio Histórico em junho de 2007. O Governo do Estado recuou na transformação do local em praça de serviços (que acabou no imóvel vizinho da Rua do Curtume), o espaço cultural permaneceu. Prestes a fazer aniversário, a discussão sobre sua recuperação e manutenção volta à tona.

Muita gente foi ao auditório do Tendal preocupada com o futuro do Museu Miguel Dell’Erba, o Museu da Lapa, que fica no Centro de Memória e Convívio da Lapa – Cecília Meireles, instalado no prédio da antiga biblioteca Infanto-juvenil da Rua Araçatuba. Os diretores José Carlos de Barros Lima do Colégio Santo Ivo, Luciano Garcia do Colégio Heitor Garcia e também Luiz da Silva, secretário executivo do Instituto Anastassiadis, se manifestaram favoráveis a permanência do acervo histórico na Lapa e apontam alternativas para instalação e a preservação das peças que guardam a memória lapeana. A preocupação com a transferência do acervo surgiu depois que a supervisora de Cultura da Subprefeitura falou da possibilidade de transferência do Museu da Lapa para o Museu da Cidade. Até então o Centro de Memória era visto como um lugar seguro e definitivo, mas não foi o que revelou a atual supervisora de Cultura da Subprefeitura em matéria do Jornal da Gente.

A idéia do secretário é buscar recursos em emendas parlamentares (destinadas a pedido de vereadores) para que o Tendal (e outras casas de cultura) passe por reformas emergenciais.  Quanto ao acervo do Museu da Lapa, Nabil disse que as peças seriam bem-vindas ao Museu da Cidade, mas abriu diálogo com a comunidade para receber propostas e buscar uma solução (apesar do Centro de Memória e o próprio acervo serem vinculados a Secretaria de Coordenação de Subprefeituras), tanto para o Centro de Memória quanto para o acervo histórico. Se olhasse para cima, Nabil avistaria a telha solta e se certificaria que a reforma do tombado Tendal e sua preservação junto da história da Lapa não podem mais esperar, são emergencias culturais. 

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA