Plano relâmpago

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Construir um Plano Regional não é fácil. É preciso discutir com quem vive as dificuldades da região, acessibilidade e necessidade de instalação de equipamentos públicos. E mais: é preciso participação popular. Pela importância da revisão do Plano Regional da Subprefeitura Lapa, o encontro preparatório realizado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, sábado, na Uninove, teve pouca participação.

Cerca de 400 pessoas estiveram no encontro. O diretor de Urbanismo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Fabio Mariz Gonçalves, explicou que as Conferências Regionais são decorrentes de um dos objetivos da VII Conferência Municipal da Cidade (marcada para dias 1, 2 e 3 de julho no Anhembi) que é de mobilizar a sociedade para o estabelecimento de agendas, metas e planos de ação para enfrentar os problemas existentes nas cidades”. A proposta da Prefeitura para as conferências regionais segue os mesmos parâmetros de participação das revisões do Plano Diretor Estratégico (PDE) e a Lei de Zoneamento para transformação de São Paulo em uma cidade mais humana, mas o encontro preparatório recebeu cobranças dos movimentos de moradia e críticas de projetos paralisados ou com lentidão na gestão Fernando Haddad.

Rosi Dias do “Movimento contra o lixão na Jaguara” mais uma vez disse não ao “lixão” na Vila Jaguara. O movimento da Jaguara e diversas associações da Lapa protocolaram documento criticando o processo denominado de “participativo” pela secretaria. Eles pediram mais prazo para discussão e elaboração de propostas para o plano regional. “Precisamos que tenha participação dos bairros, nos bairros, com associações, moradores e demais entidades. Só quem mora conhece de fato e precisa ter voz. Da forma realizada só servirá de plataforma eleitoral dizendo que chamou que vai fazer, e como na Lei de Zoneamento, a maioria não nos ouviu”, protestou a moradora da Vila Jaguara frisando que a comunidade quer moradia e não o “lixão” (estação de transbordo) na Jaguara”.

Até a presença dos conselheiros participativos foi pequena. Dos 36 conselheiros participativos eleitos pela Subprefeitura Lapa, só três marcaram presença: Paulo Cesar Maluf, atual coordenador do CMP na Lapa, Roberto Galdi e Maria Estela. Galdi cobrou a promessa de reabertura do Hospital Sorocabana, fechado desde 2010, que ainda não saiu do papel. Maluf falou sobre a luta do Conselho e da conquista da regularização fundiária de 3500 famílias do Jaguaré, mas lembrou que não basta: é preciso melhorar a infraestrutura com UBS e leitos de hospital. O conselheiro foi firme ao lembrar da promessa de instalação das UBSs na região. “Ouvimos que não vai sair a UBS (do Jaguaré) que já tinha até terreno definido. Sinto-me enganado”, desabafou Maluf. “Agora deparamos com esse Plano Regional relâmpago, feito de uma forma rápida, sem levar para os distritos, para que a população local, as associações, moradores, empresas, comerciantes e lideranças locais, pudessem participar”, reclamou.

As manifestações mostram que a pressa pode resultar em um plano irreal e longe, muito, de ser “participativo” como anunciado pela Prefeitura. Um tempo maior de debate pode ser mais lucrativo para a Cidade que fazer um projeto a toque de caixa.

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