Moradores questionam PIU Leopoldina

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Foto: Bárbara Dantine

Bárbara Dantine
Audiência reúne moradores que questionaram falta de informações do projeto

A primeira Audiência Pública de apresentação do Projeto de Intervenção Urbana – PIU Vila Leopoldina – Villa Lobos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano foi realizada na terça-feira (1º), na Igreja Palavra Viva. Estiveram presentes o urbanista do Instituto URBEM, Milton Braga, o diretor de desenvolvimento da São Paulo Urbanismo, Gustavo Partezani, o diretor de desenvolvimento e urbanismo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Fábio Mariz e o subprefeito da Lapa José Antônio Queija. Cerca de 800 pessoas participaram do encontro, a maioria moradores das comunidades da Linha, do Nove e Cingapura Madeirit, localizadas no entorno da Ceagesp e Votorantim. Representantes de entidades, membros de associações e do Fórum Social da Vila Leopoldina também estiveram presentes.

A proposta referente a Manifestação de Interesse Privado anunciada pelo Grupo Votorantim, BVEP – empresa de empreendimentos e participações do Banco Votorantim, SDI – empresa de gestão e desenvolvimento imobiliário e o URBEM – Instituto de Urbanismo e de Estudos da Prefeitura de São Paulo, abrange uma área de 290 mil m² e visa promover melhorias na região e possibilitar novos empreendimentos comerciais e residenciais, contemplando também as ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social) no local.

O diretor da SPUrbanismo, Gustavo Partezani falou que o objetivo da audiência foi subsidiar através do debate que a prefeitura autorize o início dos estudos para implementação do projeto. “Estamos na etapa pré-projeto e a sociedade e a prefeitura devem autorizar o início dos estudos”, diz.

Projeto – O urbanista Milton Braga afirmou que o projeto, se aprovado, busca o desenvolvimento privado urbano e a redução do desequilíbrio na cidade. “A ideia é usar de forma inteligente os recursos gerados pelo desenvolvimento imobiliário da área para implantar esse programa de interesse público que estamos definindo, e assim deixar um legado que não seja apenas de valor econômico, mas também urbano e, sobretudo, social”, afirmou. Braga também declarou que serão realizadas novas audiências públicas e disse que é possível alocar quatro vezes mais pessoas do que as que estão hoje na área. A maioria das pessoas se manifestou de forma bastante crítica na audiência, alegando que não foi apresentado um projeto em si e que faltam informações consistentes sobre o que será feito.

Participação – Carlos Oliveira, da Associação Viva Leopoldina, chamou atenção para a falta de transparência. “O projeto não é claro, não tem proposta, não fala se vai reurbanizar as áreas que vocês ocupam. Eu sei que a comunidade passa muita necessidade, mas é para vocês deixarem essa área que vale muito dinheiro. Acham que os senhores desvalorizam aí. A área que vocês estão é uma ZEIS 1, os diretos de vocês estão garantidos. Não deixem as pessoas passarem vocês para trás.”, afirma. Oliveira ainda citou um projeto que existe desde 2010 do Instituto Acaia de reurbanização da região, que atenderia as demandas da população das comunidades.

O chefe de gabinete da subprefeitura e fundador do Fórum Social da Vila Leopoldina, Adaucto Durigan afirma que o projeto busca um planejamento no médio prazo. “Temos terrenos para serem construídos e a proposta privada para investir aqui. É uma oportunidade. Essa é uma conversa preliminar, sem o detalhamento da proposta”, declara. Artur Jaime, morador do Cingapura Madeirit, questiona a falta de informações na internet sobre o projeto. “Roubaram a nossa saúde, nossa educação e agora nosso lugar de morar? Não vamos trocar nossos direitos por dinheiro”, diz.

Esclarecimentos – Após a sessão de falas do público, a mesa buscou esclarecer os questionamentos. Gustavo Partezani afirmou que a população deverá ter voz ativa em todo o processo. “A população tem que ser atendida, ter moradia digna e outros equipamentos sociais (como creches, escolas e hospitais). Vai continuar de maneira transparente, autorizar os estudos e voltar quantas vezes forem necessárias para discutir, sem canetada”, declara. Gustavo afirma que se a prefeitura autorizar, apenas após o início dos estudos é que serão iniciadas as fases de elaboração do projeto.

Nota dos proponentes do projeto – Os representantes do Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Vila Leopoldina-Villa Lobos, Votorantim S. A., a BV Empreendimentos e Participações S.A., a SDI Desenvolvimento Imobiliário Ltda. e o URBEM – Instituto de Urbanismo e de Estudos para a Metrópole reforçaram em nota que estão abertos ao diálogo com todos os públicos e associações representativas do bairro. Afirmam que após a consolidação das contribuições recebidas durante a fase de consulta e na 1ª Audiência Pública organizada pela Prefeitura, aguardam autorização do poder público para que possam dar início aos estudos para a elaboração de um projeto urbanístico de desenvolvimento para a área. Após concluída essa etapa, será promovida nova fase de consulta pública para ampla discussão do projeto. Os proponentes ressaltam que houve consenso por todos que se manifestaram na 1ª Audiência Pública em relação à necessidade de buscar uma solução para a moradia popular que atenda o problema das famílias em situação vulnerável, mantendo os moradores no próprio bairro.

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