Ouçamo-nos uns aos outros

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Diante do crescimento da população vivendo em condições lastimáveis pelas ruas da cidade, muitos se perguntam: “o que fazer com 300 pessoas”? Alguns respondem, pensando no bem dessas pessoas: “elas têm de ir para outro lugar”. Outras dizem o mesmo porque não as querem por perto. Há quem se preocupe com a degradação das pessoas e das ruas.
A resposta da Assistência Social é, em síntese, fazer abordagens com equipes de rua, oferecer encaminhamento para serviços públicos e vagas em Centros de Acolhida, os “albergues”. Não é uma resposta errada – o problema é a pergunta.

A ideia de UM lugar para centenas de pessoas está superada. Galpões com dezenas de beliches devem servir apenas para emergências, não como a principal oferta de estadia. O Poder Público e entidades sociais devem providenciar agora serviços de acolhimento de dimensões menores, adequados aos muitos perfis individuais e configurações familiares diferentes, de modo a realmente proporcionar condições para reconstrução da identidade, dos vínculos e da autonomia. O atendimento “em massa” produz outro efeito deletério: a rejeição dos vizinhos. Enfiar um albergue goela abaixo, como a prefeitura parece querer fazer, suscita má vontade inevitável. Conhecer um ser humano de perto, chamá-lo pelo nome e saber sua história faz toda a diferença. Conhecer uma vizinhança também. Ouçamo-nos uns aos outros para o bem de todos.

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