Descompasso

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Errar é humano, mas seguir errando é no mínimo suspeito. Mais uma vez o Hospital Sorocabana foi a leilão por conta de um processo da Justiça do Trabalho. Sabemos que o judiciário tem diversas frentes de atuação, muitas delas independentes uma da outra. Não só no judiciário, mas em todos os poderes, salvo algumas exceções, parece que a comunicação é muito difícil. No caso do Sorocabana, que foi concedido pelo governo do Estado ao Município em 2012, por um período de 20 anos, o mais provável é que o leilão realizado no último dia 14 seja impugnado. De novo. Porque isso já quase ocorreu antes, também em 2012. É estranho isso não ter sido considerado antes de realizar o novo leilão, porque certamente esse histórico está presente nos anexos do processo.

Estranha também é a falta de divulgação do evento, fazendo-nos questionar como a própria arrematante ficou sabendo do leilão quando a comunidade, usuários dos equipamentos que funcionam lá e políticos que, entra ano, sai ano, prometem reabrir o hospital, ninguém sabia, ou pelo menos não se manifestaram.
A Secretaria Municipal da Saúde já manifestou que tomará as medidas legais cabíveis para que o atendimento à população não seja descontinuado. Remediar o imbróglio, já que a prevenção não ocorreu. Todo o trabalho que será empenhado para resolver o problema poderia ser evitado se a transparência e o acesso às informações pertinentes à população estivessem mais desenvolvidos. A burocracia é necessária para garantir o controle nos processos administrativos, mas se torna inimiga quando impede que o cidadão possa usufruir de seus direitos previstos por lei, como o acesso à saúde.

É de se estranhar também que alguém disposto a investir R$ 16 milhões (um valor baixo considerando o valor venal do Hospital Sorocabana, de pouco mais de R$ 70 milhões, mas que foi avaliado em R$ 40,9 milhões por conta das dívidas e penhoras existentes) não se atente à possibilidade de seu negócio não ir para frente, com tantas complicações que envolvem o imóvel. Será que não foi feita nenhuma pesquisa simples na internet para saber o potencial de sucesso que a compra teria? Não foi feita nenhuma consulta jurídica antes de considerar a compra, já que o dinheiro ficará parado até todos os recursos previstos correrem?

Nesse descompasso entre a comunicação dos órgãos públicos e a sociedade, a população segue com a defasagem nos serviços básicos e luta para manter, melhorar ou reabrir equipamentos essenciais. Em outubro, ao invés de votar em quem faz as costumeiras promessas de saúde, educação e segurança, talvez seja melhor escolher quem está disposto a promover o verdadeiro diálogo entre o público, privado e cidadãos.

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