Ato pede reabertura do Hospital Sorocabana

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Foto: Bárbara Dantine

Bárbara Dantine
Coletivos pedem reabertura do hospital com atendimento exclusivo pelo SUS

Com a notícia do leilão do Sorocabana, diversos coletivos organizaram um protesto na frente do hospital na segunda-feira (27). Apesar da anulação do leilão, realizada na sexta-feira (24), o protesto foi mantido já que a demanda pela reabertura do hospital é antiga na região.

A decisão, tomada pela juíza Daniela Mori, levou em conta a falta de intimação do governo do Estado, que detém a posse parcial do terreno, sobre a venda do bem pela Justiça do Trabalho. A lei exige notificação prévia da hasta pública sob pena de nulidade, porém a Justiça do Trabalho não tinha conhecimento de que um ente público detinha posse parcial do terreno, já que a informação não constava da matrícula do imóvel. O total que foi pago será devolvido à arrematante. Os serviços prestados pela Secretaria Municipal da Saúde no local (AMA Sorocabana, Rede Hora Certa e CER II) funcionaram normalmente durante o dia e o protesto.

Participaram do ato representantes do Fórum Popular de Saúde – SP/Região Oeste, Lapa Sem Medo, Pompeia Sem Medo, Coletivo Butantã na Luta, Comissão Ana de Carvalho da Vila Ipojuca, membros do Conselho Participativo Municipal da Lapa, membros do Conselho Gestor de Saúde da Lapa, além de moradores e trabalhadores. “Nossa luta continua porque continuamos sem nenhum hospital público na região. Tem que reabrir e com atendimento 100% SUS. A crise econômica que vem se abatendo pelo País faz com que o estado destrua os serviços públicos e os transfira para o serviço privado, mas mesmo quem tem plano de saúde tem comprometimento com essa luta porque mais cedo ou mais tarde não vai dar para pagar pelos serviços privados. O Sorocabana não é só para o segmento que o utiliza, é uma necessidade para todo o conjunto da população, do desejo constitucional de que a saúde é um direito da população e obrigação do estado. Precisamos nesse momento eleitoral eleger gente comprometida em resgatar o serviço público e gratuito”, afirma Paulo Roberto Pepe, sociólogo e membro do Lapa Sem Medo.

Roberto Galdi do conselho gestor da UBS Vila Ipojuca elogia o atendimento que existia no hospital. “O Sorocabana, quando estava na ativa, fazia um tipo de parceria com o HC (Hospital das Clínicas), que estava sobrecarregado. Minhas duas filhas nasceram aqui e o hospital nunca rejeitou nenhum paciente, tinha um atendimento personalizado”, diz. O conselheiro defende o pagamento dos ex-funcionários. “Tem ativos, passivos e isso tem que ser resolvido, não pode não pagar quem trabalhou aqui”, declara. Já a moradora da região Margarida Rocha Costa, que acompanha o tratamento do marido no AMA Sorocabana, reclama do atual serviço. “Ele não é bem atendido, o médico nem olha na cara dele, não passa remédio. Tem uns seis meses que ele não vem aqui por causa do atendimento. Ele está na cama em casa, com dor na coluna e problema no rim. O posto da (Rua) Catão manda ir para um lugar longe e eu não tenho como levar, é um absurdo”, diz.

Conselheiros participativos municipais da Lapa também estiveram no ato. “Esse hospital tem que voltar para a população, com os sete andares ocupados e equipados. Todos os candidatos falam em acabar com fila da saúde, mas elas estão só aumentando. Fui na UBS da Ipojuca e só tem uma médica lá, e uma fila com mais de vinte pessoas idosas esperando”, relata Eduardo de Mello, conselheiro pela Lapa. “O Sorocabana, quando foi fechado em 2010, passou a sobrecarregar os demais hospitais de outras regiões. Hoje temos a (prefeitura) regional da Lapa com 305 mil habitantes, o que equivale a uma cidade como Taubaté, Limeira ou Suzano, sem nenhum hospital público, e a Lapa já teve mais de quatro hospitais públicos. A Lapa é um centro regional que atrai a população da Zona Norte, de outras regiões da Zona Oeste e o fechamento do Sorocabana é um prejuízo imenso para a saúde da população, as unidades de saúde não dão conta”, afirma Toni Zagato, conselheiro por Perdizes.

A penhora sobre o imóvel está mantida, o que pode fazer com que uma nova arrematação seja marcada para saldar os débitos trabalhistas que tramitam na 2ª Região do TRT.

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