Dia das Mães em Quarentena

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Passamos pelo Natal, réveillon e carnaval com a vida que sempre tivemos. Depois de uma Páscoa atípica, chegamos ao Dia das Mães, data comercial e familiar, sem poder nos reunir com nossas mãe e avós. Felizmente a tecnologia está aí para aplacar um pouco a distância e o abraço desse ano terá que ser virtual. Devemos também pensar nas tantas mães que são profissionais da saúde e estão na linha de frente da batalha contra a Covid-19, afastadas de seus familiares para protegê-los e arriscando a própria vida. Elas merecem toda a nossa admiração e agradecimentos. A minha é uma delas. Saudades.

A pandemia serviu, com o preço inestimável de milhares de vidas, para revermos alguns valores. Quantas vezes deixamos de ver parentes e amigos por estarmos ocupados ou cansados? Se soubéssemos do isolamento que iríamos enfrentar, talvez tivéssemos falado menos “nãos”.

É preciso pensar também nos impactos do comércio, que não afeta apenas os empresários que esperavam boas vendas nesta data, mas toda uma rede de pessoas que dependem deles. Alguns estabelecimentos conseguiram se adaptar, mas nem todos oferecem um produto que funciona para o formato de delivery. E isso fez com que muitos empregos fossem perdidos. Por outro lado reduzimos o consumo ao produto, mas e a experiência? Não é justamente esse o motivo de irmos a um restaurante novo e até atravessarmos a cidade para conhecer uma proposta de serviço diferente? Sem contar todas as vezes que deixamos de consumir em locais próximos da nossa casa, menores, e nos deslocamos para ir em um restaurante de uma grande rede internacional.

E isso não se aplica somente à comida. Quantos amigos decidem empreender e nós compramos talvez uma ou duas vezes deles, só para dar aquele apoio, mas preferimos continuar consumindo os produtos industrializados dos grandes conglomerados? Se tivéssemos o hábito de descentralizar o nosso consumo, talvez a situação não estivesse tão ruim para tantas pessoas.

Essa crise também revelou o que na verdade já estava escancarado, a desigualdade que existe na cidade. Enquanto uns se desesperam para ter o que comer, outros reclamam da impossibilidade de viajar. Alguns criticam a ampliação do rodízio de carros, outros, inclusive trabalhadores da saúde, só tem o transporte coletivo como forma de locomoção, se expondo ao risco que tanto evitam no trabalho.

É chato não poder ir a um parque, bar ou comer fora. Mas é pior perder quem você ama, como por exemplo sua mãe. Muitas pessoas que se foram eram mães de alguém. Não são números de mortes, são pessoas. Mais do que medo e aflição, que essa pandemia desperte em todos nós mais empatia.

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