Cidade em (re)construção

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Basta dar uma simples volta no quarteirão para logo se deparar com novos empreendimentos ou estandes de vendas de prédios que serão construídos. O levantamento divulgado pelo Centro de Estudos da Metrópole corrobora com o que já notamos: as unidades habitacionais verticais superaram as horizontais em metros quadrados construídos nos últimos 20 anos. Em quantidade, os dois formatos de residência praticamente se equiparam.

Em uma cidade como São Paulo é compreensível a preferência por viver em prédios, que geralmente oferecem mais segurança e praticidade, mas com a pandemia esse formato foi bastante questionado. Como viver com qualidade em estúdios que muitas vezes têm pouco mais de 20 m²? Nas casas as questões de zeladoria afetam muito mais os moradores e é surpreendente como a relação entre vizinhos costuma ser mais próxima.

Mais prédios significam mais impactos na infraestrutura urbana. Se as novas construções não forem acompanhadas de investimentos, seja no viário, na rede de coleta de lixo, de saneamento e iluminação, as consequências serão sentidas por todos. E mesmo com esse crescimento dos empreendimentos e da verticalização, ainda vivemos em uma cidade com um déficit habitacional de 1,16 milhão de moradias e inadequação habitacional de 3,19 milhões de moradias.

Equilibrar essa equação entre novas construções de diversos padrões, prover habitação de interesse social, adequar eixos comerciais e promover a qualidade de vida na cidade são questões diretamente ligadas à revisão do Plano Diretor Estratégico. Um debate que deve ser feito, mas como defendido pela Frente São Paulo pela Vida, em um momento em que possa ser garantida a participação social.

E falando em participação, o prefeito Ricardo Nunes apresentou a versão final do programa de metas da cidade, com 77 objetivos que deverão ser concluídos até 2024. A gestão de Bruno Covas afirma ter cumprido 67% do que prometeu, mas a Agência Lupa de checagem de fatos aponta que a porcentagem correta seria de 41%.

O acompanhamento do que é prometido é fundamental. No caso do Hospital Sorocabana, sabemos que a necessidade é a da reabertura integral do complexo. Porém, no orçamento do ano passado, os recursos foram suficientes apenas para manter a nova área de atendimento para pacientes de Covid-19, sem possibilidade de realizar investimentos. Para que o mesmo não aconteça em 2022, o Conselho Participativo da Lapa cobra uma reunião com as secretarias da Saúde e da Fazenda para que seja esclarecido o que será feito. Cumprir uma promessa parcialmente não devia ser contabilizado.

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