Ciência

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As ciências humanas permitem debates, discordâncias, a construção e revisão de valores. As ciências biológicas se baseiam em práticas empíricas do que funciona, mas mesmo assim há uma margem de situações que podem ocorrer de forma inesperada, por exemplo, quando pessoas reagem de forma diferente a um mesmo tratamento. Porém, as ciências exatas são as que mais se aproximam da precisão, que justamente é sinônimo de “exatidão”. Sua base se apoia em cálculos que garantem resultados rigorosamente definidos. A margem para o inesperado é mínima, a menos que algo tenha falhado no meio do processo.

Portanto causa estranhamento a falta de previsão de que uma obra, liderada por um consórcio formado pelo governo mais rico em recursos (financeiros e técnicos) do país e uma empresa internacional com expertise em sua área de atuação, não tenha previsto que perfurar um terreno à margem de um rio, com um equipamento gigante que precisa de 45 pessoas para operá-lo, ao lado de uma das vias mais movimentadas da cidade, com infraestrutura de saneamento básico abaixo da superfície, poderia gerar algum transtorno se ocorresse um acidente.

Qualquer leigo consegue entender que esse trecho do empreendimento precisava de atenção total a todos os possíveis desdobramentos. Se sentimos a vibração em nossas janelas quando um ônibus passa na rua, é de se imaginar que a “vibração” do tatuzão abale bastante o seu entorno. Será mesmo imprevisível que algo assim pudesse acontecer? Não seria o caso de investir em estruturas de segurança para avançar com a obra sem nenhum risco? A resposta para isso ainda virá. Neste “agradável” clima político que vivemos já existe quem formule teorias conspiratórias sobre interesses, superfaturamento, sem contar a surreal comemoração de quem quer atribuir o acidente a uma falha pessoal da gestão. Nada disso, ninguém ganha com uma obra de mobilidade parada e uma via que recebe milhares de veículos por dia parcialmente fechada.

Sabemos que a cidade é caótica, que cresceu de forma desordenada e que estamos à mercê das intempéries da natureza (todos os anos, sem falta). Sabemos também que impermeabilizar a cidade é um erro, que o saneamento básico em uma megalópole não é nada sustentável e que o maior ganho seria despoluir os rios e torná-los navegáveis para lazer e transporte. Vai ter atraso, alto custo, mais trânsito na região, mas a obra deve continuar. Esperamos que com todos os cálculos e previsões para não ocorrer mais nenhum incidente. E já que falei em ciência, nada mais triste do que voltarmos a quase mil mortes diárias em decorrência da Covid-19, a maioria de pessoas não vacinadas. A ciência salva vidas e evita transtornos.

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