Sobre festas e empatia

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Em uma realidade paralela esse editorial seria sobre o carnaval e suas dualidades, afinal tem quem ame e odeie. Para uns folia, para outros bagunça. Teríamos uma matéria com a programação dos blocos de rua durante o feriado e também sobre os serviços que abrem e fecham.

Mas vivemos nesse cenário apocalíptico, incluindo guerra, peste e fome, que não se manifestaram necessariamente nessa ordem. Festas de carnaval, somente as particulares para quem tem dinheiro para acessá-las, seguindo protocolos sanitários e (para quem é sensato) com apresentação do comprovante de vacina. A vacinação contra a Covid-19 será mantida nos postos de saúde, para cumprir o plano de ter todos imunizados e acabar de vez com as consequências graves da pandemia.

Agora observamos estarrecidos a volta de uma guerra na Europa, cujas origens são muito antigas e complexas. Uma ferida que nunca cicatrizou e vai gerar impactos em escala mundial. A ideia aqui não é me estender sobre o quão errada é uma operação militar que tira vidas e ameaça a soberania de um país, mas queria falar de empatia.

Porque diante de todas as tragédias é difícil não se colocar no lugar de quem está passando por elas. Imagine você ter que deixar sua casa, seus pertences, carregar o mínimo possível para tentar salvar a sua vida? O caos é inevitável. E se vemos que cidades que são mais estruturadas estão com problemas de organização, o que seria de nós em uma cidade com graves empecilhos de mobilidade, habitação, segurança pública e saúde?

Com o fechamento do espaço aéreo da Ucrânia e ruas congestionadas por carros que tentavam deixar o país, muitos tiveram que utilizar o sistema ferroviário para se deslocar. Por aqui, falhas nas linhas foram motivo de transtorno durante a semana. Em uma situação de pânico generalizado não teria operação PAESE que solucionasse.

Sabemos que o acolhimento de pessoas de rua é algo que deve ocorrer de forma voluntária e, mesmo com a oferta de equipamentos, as pessoas são livres para não quererem ir até eles. Mas se não conseguimos resolver a questão de abrigar quem precisa, imagina se os cerca de 12 milhões de habitantes de São Paulo precisassem, da noite para o dia, ser acolhidos?

Sem contar que é surreal ver que um canal de TV ucraniano está ensinando sua população a como fazer coquetéis molotov caseiros para se defender. Certamente não eram as notícias que queríamos ver no feriado de Carnaval, mas é a realidade que temos.

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