Não deveria ser cotidiano

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Mais uma vez chuvas acima do “normal” ou “esperado” foram motivo de caos na região. Alagamentos, lixo espalhado e trânsito. Alguns pontos já são bem conhecidos por ficarem nesse estado. Outros surpreenderam, caso do declive entre as ruas Tito e Desembargador do Vale. Para muitos moradores esse tipo de episódio não é uma surpresa. Por exemplo os pais e funcionários da EMEI Professora Sarita Camargo que por diversas vezes viram a escola alagada, aulas suspensas e o risco de contaminação. Promessas de intervenções e obras de drenagem foram feitas, mas uma solução definitiva ainda não foi implementada.

Em outubro do ano passado pude participar de uma reunião na Prefeitura, junto com representantes de outros jornais de bairro. Mudam-se os CEPs, mas as demandas da população são bastante parecidas. Nesse encontro foi apresentado o Plano Preventivo Chuvas de Verão (PPCV), uma proposta envolvendo diversas secretarias que deveriam se articular para prestar um atendimento emergencial e também preventivo, investindo na zeladoria. Curiosamente, na época, a preocupação era a prolongada estiagem que havia deixado os reservatórios com limites muito baixos. Se falava até em possíveis apagões com a dificuldade de manter o fornecimento de energia elétrica.

Os meses se passaram e as chuvas vieram, com bastante força. Embora serviços de zeladoria tenham sido feitos, algo que deve fazer parte do cotidiano e não estar em uma operação especial, os alagamentos não foram evitados. Ter um plano é bom, mas melhor ainda é vê-lo se concretizar.

Porque chuvas, apesar do caos climático planetário, sempre podem ser previstas. O que não pode ser previsto é uma ocorrência como a que aconteceu em uma das entradas do Conjunto Habitacional Ponte dos Remédios, quando uma tentativa de invasão resultou em um atropelamento e na morte do motorista. Não podemos afirmar que o episódio foi diretamente motivado pelo desespero que é estar por anos na fila da habitação. Mas o local contava com a presença da GCM justamente porque são constantes as tentativas de ocupação do condomínio, destinado para quem está no topo da demorada fila.

Da promessa de entregar 49 mil moradias até 2024, a Prefeitura conseguiu providenciar 3,8 mil. Embora menos preciso do que a ciência da meteorologia, que por vezes também pode falhar, é previsível que outros episódios trágicos irão ocorrer se não diminuirmos o déficit habitacional de 369 mil moradias na cidade, o que pode incluir incêndios em comunidades, desabamentos em áreas de risco, entre outros. Morar sem qualidade na cidade não pode ser algo cotidiano.

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