JOSÉ DE OLIVEIRA JR. REPÓRTER
O desemprego causa um fenômeno no mercado de trabalho. Pessoas que antes tinham uma colocação profissional razoável acabam por se submeter à informalidade e também ao risco social. Há quatro meses, Bruna Concentino, de 21 anos, toma conta dos carros estacionados próximos à sede da Polícia Federal, na Lapa de Baixo. Ela vigia os veículos das 8 até o último cliente para garantir uma renda de R$ 30,00 por dia – valor que divide com seu pai, também desempregado.
Bruna sonha em ingressar na faculdade de Direito, pois já concluiu o Ensino Médio – uma formação pouco comum entre os guardadores de automóveis. A jovem trabalhou como promotora de vendas de empresas, como Elma Chips, C&A e Difruit. Seu último emprego formal foi na Puket, em 2002. “Consegui trabalhar como vendedora numa loja de surf no West Plaza para atender a demanda do final do ano passado. Agora só fico na rua”, disse Bruna, que aprendeu a gostar da profissão.
Segundo ela, guardar carros é uma atividade de risco, já que nunca se sabe quem vai aparecer dentro do veículo e quem vai cometer um crime. “Tenho contato com viaturas e o telefone de policiais federais para me ajudarem. É necessário vigiar os carros porque, de qualquer forma, você inibe a ação do bandido”, disse a jovem. Antes de ela tomar conta dos carros no cruzamento da Hugo D´Antola com Ricardo Cavaton, um alcoólatra é que fazia a vigilância do local. Ele foi expulso porque incomodava os motoristas.