Bioética na Igreja

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dom Odilio, Alice Teixeira Ferreira, Nadir Oyakawa e monsenhor Tarcísio

JOSÉ DE OLIVEIRA JR. REPÓRTER

A Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Vila Leopoldina, ficou lotada na segunda-feira passada, dia 18 de abril, para assistir à palestra “Bioética”, proferida pela especialista em biologia molecular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Alice Teixeira Ferreira e pelo bispo auxiliar de São Paulo, dom Odilio Pedro Scherer. Os dois palestrantes foram recebidos pelo monsenhor Tarcísio Justino Loro.
A doutora em Biologia discorreu sobre a bioética, termo construído na década de 1970 para aprofundar os temas da ética médica e os valores da vida humana. Falou sobre as células-tronco e suas prováveis aplicações terapêuticas. Seu discurso foi crítico ao uso de embriões extranumerários, cujas pesquisas se iniciaram em 1978, através da reprodução assistida. Alice discorda do uso de células-tronco embrionárias pelo fato de seu uso estar baseado na supressão do feto, ou seja, o aborto provocado para a coleta das células-tronco intra-uterino.
Segundo ela, existem cerca de 250 tecidos possíveis de se colher nas células-tronco, mas, mesmo as mais modernas terapias têm suas limitações. “Desde 1998, quando se começou a retirar as células-tronco do homem, o seu desdobramento tem se mostrado um caos porque não há como controlar o desenvolvimento das células”, ressaltou a bióloga, criticando o determinismo genético, demonstrando os casos de clonagem da ovelha Dolly e outros animais, que tiveram problemas, e o Projeto Genoma, que consumiu US$ 5 bilhões e nem tudo o que se descobriu poderá ser usado.
Pelo data-show, Alice explicou a clonagem, revelando que as células não se desenvolvem em ordem, muitas ficam anormais, sem utilização médica, por causa da falta de uma proteína presente no espermatozóide. “Ou seja, durante a fecundação do óvulo essa proteína garante o desenvolvimento do começo da vida, o que não acontece com a clonagem, onde se implanta um núcleo com um determinado DNA, que não é compatível com a organela dentro da célula”, disse.
A especialista, no entanto, mostrou que houve avanços nas terapias com células-tronco adultas, encontradas na medula óssea, cordão umbilical, placenta e em outros locais do ser humano, que reduziram algumas doenças por meio do autotransplante, com redução da incidência de alguns tumores em 50% dos pacientes. Mas assegurou que as pesquisas até agora não conseguiram êxito nos casos de mal de Alzheimer e mal de Parkinson, já que as células-tronco não eliminaram a proteína citotóxica, que provoca essas moléstias.
Em sua fala, dom Odilio criticou o projeto-de-lei aprovado pelo Congresso Nacional que aceita a pesquisa em embriões humanos. “A Igreja não tem nada contra a terapia de células-tronco adultas. O que queremos é deter o avanço do aborto terapêutico para alimentar o mercado de embriões humanos”, contesta o bispo, que também é secretário da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A esperança de dom Odilio é que a Procuradoria Geral da União considere o projeto inconstitucional porque a Constituição do Brasil garante o respeito à vida humana intra-uterina. O bispo também criticou a eutanásia porque “a pessoa humana é intocável”.

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