Coriolano era calma e tinha pouco comércio

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Maria Isabel Coelho

Rua de Terra e poucas casas. Assim era a Coriolano há cerca de 70 anos, quando Laurentina Cabral, a Tininha, nasceu na casa que faz esquina com a Rua Catão. Neste mesmo período, Vilma Rosin Citrangulo veio morar na Coriolano aos 4 anos de idade.
Tininha se recorda dos tempos de infância, quando seu pai , Vírgílio Raposo Cabral, tirou uma foto na rua, em frente ao empório da família, para guardar de lembraça. “A rua era de chão e havia pouco trânsito. A criançada se reunia para brincar. Peteca, bola e bolinha de gude eram as brincadeiras preferidas. Era uma maravilha. Naquele tempo, misturava menino com menina. A criançada não tinha maldade”, relembra Tininha.
O transporte da época era o bonde e existiam apenas duas linhas de ônibus, a 35 e 36, que iam para o Centro. “Minha mãe, Adelaide dos Santos Cabral, tinha um empório na esquina com a Catão, onde hoje é uma casa de baterias. Quase não tinha comércio.”, completa a moradora.
Segundo ela, era um período que os vizinhos eram amigos. “ Se alguém ficava doente, todo mundo ia ajudar”.
Hoje, onde existe um prédio verde, do outro lado da rua, era, segundo Tininha, as Indústrias Matarazzo. ´”Bem na esquina da Catão, ficava a divisão da indústria que fabricava louças e mais a frente a fábrica de bolacha, que depois passou para a Parmalat”.
Para comer verduras e carne de frango, a família de Tininha tinha que andar até uma chácara no meio do quarteirão da Rua Francisco Alves. Quando ela atingiu a mocidade, a fábrica de meias Panamer foi transferida para a rua Coriolano.
Outra moradora que fez história foi Vilma. Moradora do 1070 da rua, ela passou a infância na Coriolano. “Quando chovia era aquela lama e quando fazia sol era um poeirão. Era época da Segunda Guerra Mundial e houve um beclaute. Os aviões sobrevoavam o bairro e a gente tinha que ficar dentro de casa”.
Vilma relata ainda que nesse tempo, as pessoas tinham dinheiro mas não tinham o que comprar. “Meu tio, Domingos Lavini, era o único sapateiro da rua. Ele era um artista”, diz Vilma orgulhosa de sua família.
Entre os clientes de seu tio estava a família de Adhemar de Barros e também uma fábrica de calçados finos. “Meu tio tirava a medida até dos calos das pessoas”, conta. Depois, aos 18 anos, ela se mudou para a Scipião, voltou Coriolano e quando casou, morou na Aurélia e depois na Leopoldina. Porém, suas raízes fincadas na Coriolano fizeram com que ela voltasse para o imóvel de número 1070.

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