Eduardo Fiora
Nesse mesmo espaço, quinze dias atrás, reforçávamos a importância do diálogo e do bom senso na condução do projeto de revitalização da região da Doze de Outubro, o principal centro comercial do bairro da Lapa. Cancelada às vésperas de sua implantação, inicialmente marcada para o dia 14 de agosto, a operação de remoção provisória das barracas dos ambulantes, instalados nessa movimentada região, terá início neste domingo. A partir desta data,será preciso que os atores principais da Doze – camelôs e lojistas – e as autoridades públicas do Município e do Estado não abram mão da disposição de dialogar, única via capaz de evitar as desagradáveis e inaceitáveis cenas de violência, que se tornaram rotina toda vez que se anuncia a remoção do comércio ambulante de determinada área da cidade.
Também só será pela via do diálogo que os paulistanos, em particular os moradores da Vila Leopoldina, conseguirão superar uma crítica questão social envolvendo a região da caixaria em torno do Ceagesp. Como mostramos em reportagem nessa edição, existe uma questão legal apontando para o uso de embalagens plásticas no lugar das tradicionais caixas de madeira. Porém, existe um grande oceano a separar o ideal do real. Sem a imprescindível mediação do poder público não há solução possível para os graves problemas legais e sociais na região da caixaria e do seu entorno, onde centenas de famílias ainda vivem em precárias habitações, conforme mostram os dados do Censo 2000.
Mas no cotidiano dos bairros nem tudo se resume a tensões, baixo astral ou problemas. Há também espaço para o lazer e o estreitamento das relações humanas. O trabalho desenvolvido pela Sociedade Benfeitora Jaguaré, como mostra a repórter Renata De Grande, é um bom exemplo de responsabilidade social, protagonizada por meio de ações voluntárias voltadas para o público jovem e adolescente. Na oficina do Curso de Elétrica, promovido pela entidade, são beneficiadas 40 alunos.
Humanismo também é a marca registrada de um dos mais importantes símbolos da Lapa: o Mercado Municipal. Como bem lembram os comerciantes locais, diferentemente do que acontece nos hipermercados, a relação entre consumidores e vendedores no Mercado da Lapa é centrada na amizade e não na simples lei da oferta e da procura.
Boa Leitura!