Por diversas vezes denunciamos o não cumprimento da promessa feita pela Prefeitura aos cidadãos retirados dos barracos embaixo do Viaduto Mofar-rej e colocados, provisó-riamente, no chamado Alojamento Humaitá (Vila Leopoldina).
Ao agir assim, em março de 2003, o poder público municipal se comprometia a dar aos alojados uma solução de moradia definitiva. Passados quatro anos e meio, a Secretaria de Habitação determina que a Subprefeitura da Lapa providencie a retirada dos moradores do local, que uma vez desocupado ganhará linda praça arborizada.
Acontece que o alojamento de 2003 já não é mais o mesmo. Em mais de quatro anos o número de famílias submetidas a condições desumanas de habitação, saúde e higiene saltou de 55 para mais de 100, com a Prefeitura admitindo que não tem condições de oferecer um teto decente e seguro para todos, incluindo aí vários recém-nascidos.
Para alguns moradores é prometido uma casa (CDHU) na Zona Leste, com um detalhe que não pode ser esquecido: tal conjunto habitacional ainda não está pronto. Para outros desalojados ela oferece albergue, enquanto que um grupo é mandado de volta à terra natal mediante custeio da passagem onde só faltou escrever: “Pobre aqui na Leopoldina, não. Vá ser miserável longe daqui”.
Se no bilhete rodoviário carimbado pela Prefeitura essa frase inexiste, não deve ser ignorado que moradores no entorno do alojamento foram signatários de um abaixo-assinado (mais de 2 mil assinaturas) solicitando à Prefeitura providência em relação à remoção do conjunto de subhabitações.
Acontece que moradores e prefeitura, antes de partirem para propostas e ações de uma vergonhosa política de exclusão social, ignoram que essa região do Humaitá é Zona Especial de Interesse Social 1 (ZEIS 1), porção de zoneamento urbano definida como “área ocupada por população de baixa renda, abrangendo favelas, loteamentos precários e empreendimentos habitacionais de interesse social ou do mercado popular, em que haja interesse público expresso por meio desta lei, ou dos planos regionais ou de lei especifica, em promover a recuperação urbanística, a regularização fundiária, a produção e manutenção de Habitações de Interesse Social – HIS, incluindo equipamentos sociais e culturais, espaços públicos, serviço e comércio de caráter local”.
Sendo assim, fica a pergunta: faz sentido derrubar o alojamento Humaitá e em seu lugar erguer uma praça?