JOSÉ DE OLIVEIRA JR. REPÓRTER
No editorial da semana passada, em que foi expressa a necessidade das entidades do bairro procurarem novas lideranças, muitos leitores pediram um complemento a esta opinião. O que chamou a atenção de muita gente é a falta de interesse dos jovens em importantes assuntos políticos do bairro, da cidade, do Estado e do Brasil. Na semana passada, portanto, quis provocar as entidades. Nesta coluna de opinião, quero alfinetar os jovens.
Na reunião da Associação Comercial de São Paulo – Distrital Lapa (ACSP-Lapa), ocorrida na quarta-feira, dia 2 de março, o comerciante Alvio Malandrino manifestou seu repúdio à proposta do presidente da Câmara Federal, Severino Cavalcanti (PP-PE), que ainda pretende pôr em votação o aumento abusivo dos salários dos deputados. O ordenado dos políticos da Câmara passaria dos atuais R$ 12,8 mil para R$ 21,5 mil – o equivalente ao salário do presidente do Supremo Tribunal Federal. A proposta pegou tão mal na opinião pública brasileira que foi adiada pela mesa da Câmara.
Entretanto, a reclamação de Malandrino tem outro fundamento. O episódio do aumento de salários na Câmara dos Deputados é isolado. O que mais aflige é que os jovens parecem apáticos com tudo o que acontece. Não se manifestam mais como no episódio do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em setembro de 1992. Não se trata de fazer uma passeata ou uma organização secreta, apenas os jovens deveriam se preocupar com o mundo ao seu redor.
Esta apatia não incomoda somente Alvio Malandrino ou este veículo de comunicação regional. Começa a criar um ceticismo em todas as pessoas com o presente e o futuro político do Brasil, com jovens não querendo saber o que está errado e o que poderia ser feito para melhorar uma determinada situação. Começando a pensar inclusive sobre o bairro, algum leitor já viu algum jovem fazer algo diferente do que festa ou ir para a balada?
Onde estão essas pessoas que simbolizam a vitalidade, energia e criatividade para a nossa comunidade? Alienadas! É muito triste quando um jovem não lê um jornal, uma revista, um livro ou mesmo faz pesquisa sobre algo importante para a nossa sociedade na internet ou na biblioteca. É lamentável que não dialogue sobre problemas específicos. Não há desculpa a pessoas que não fazem absolutamente nada para a sua comunidade.
Já afirmei em editoriais anteriores que temos de radicalizar a nossa democracia, aumentando cada vez mais a participação popular e ampliando os canais de diálogo entre o poder público e a sociedade civil. A garantia de que este processo se consolide passa necessariamente pela juventude. Eles são os donos desta missão vindoura. Entidades e instituições poderiam criar condições para incentivar a organização juvenil para sairmos deste marasmo. Espero que o recado esteja dado.