O canto das Cigarras

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Ubirajara de Oliveira Diretor

Semana passada, alguns jornais diários publicaram uma notícia no mínimo curiosa. Dizia respeito a uma praga de cigarras numa determinada região dos Estados Unidos, cujo comportamento intriga até hoje os estudiosos. Estes insetos hibernam embaixo da terra por um período de longos 17 anos e irrompem na superfície aos milhares para procriação, causando, como se pode imaginar, uma série de transtornos e prejuízos. Tudo isto, aparentemente, apenas para gerar um nova prole que irá, mais tarde, repetir o mesmo comportamento.
Na região da Lapa ocorre um fenômeno em certos aspectos bastante similar e igualmente espantoso. Enquanto o primeiro é um capricho da natureza, o segundo é da natureza caprichosa dos homens. Na verdade, uma das categorias de homens que se convencionou chamar de políticos. Uma espécie de praga que igualmente hiberna durante um longo período e que aparece, de forma bastante previsível, em épocas de eleições. E da mesma forma que as larvas dão origem a estas cigarras americanas, estes políticos sofrem uma espécie de metamorfose que os transformam em autênticos lapeanos.
Os primeiros sinais deste incrível fenômeno já começaram a se manifestar, como ocorreu na inauguração nesta quinta-feira da Delegacia Participativa, o conhecido 7º DP da Lapa.
Tal como defendem os evolucionistas, geração após geração, ressurgem com suas capacidades adaptativas mais evoluídas, a ponto, por exemplo, de desenvolverem um olfato seletivo que lhes permite lembrar do cheiro gostoso dos biscoitos e bolachas, emitidos pela antiga fábrica da Matarazzo na Rua Coriolano, sentido pelos seus ancestrais, ao mesmo tempo em que não captam os odores menos agradáveis da Usina de Compostagem de Vila Leopoldina. Este capricho de uma memória altamente seletiva, também lhes permite ignorar que as antigas instalações desta fábrica foram demolidas para dar lugar a um imenso condomínio de apartamentos que, com certeza, deverão sobrecarregar ainda mais a agenda de trabalhos das entidades, órgãos públicos e lideranças que efetivamente se importam com o bem-estar da comunidade.
Imersos tal como as larvas, que se transformam em cigarras numa escuridão que não lhes permitem vislumbrar o mundo real, quando saem à luz do dia cometem todos os tipos de deslizes verbais, a tal ponto de se sentirem capacitados a julgar o trabalho e mérito daqueles que, ao contrário deles, freqüentemente mal têm direito ao sono regular. É inadmissível ouvir calado, da parte deste tipo de homens, ataques oportunistas e infundados às nossas lideranças e em particular ao único braço dos três governos, que efetivamente participa do cotidiano da região como o faz a Subprefeitura. Se são elas, lideranças e subprefeito, passíveis de críticas, certamente não o são por omissão ou ausência como é o caso de seus detratatores.
Muito pelo contrário. As justas homenagens pela conquista desta grande obra para o bairro, como são as novas instalações do Distrito Policial, devem ser endereçadas a todos aqueles que concreta e efetivamente se dedicaram a levar adiante este projeto, que contou com um grande apoio de empresários da região, estes sim, conscientes de suas responsabilidades como cidadãos perante sua comunidade.
Lapeanos de verdade são todos aqueles que aqui trabalham, aqui realizam suas compras, aqui praticam suas ações sociais e seus deveres de cidadão, aqui colocam seus filhos para estudar e aqui residem. De uma vez por todas, e para sempre, vamos dar um basta a este oportunismo da pior espécie que, como o canto estridente das cigarras, tentam nos fazer esquecer do belo canto dos pássaros que nos despertam todas as manhãs.

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