PM avalia a Leopoldina

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EDUARDO FIORA

Num almoço da OAB-SP em homenagem ao superintendente da Polícia Federal em São Paulo Regional da Polícia Federal em São Paulo, José Ivan Guimarães Lobato, que deixa o cargo para assumir a Corregedoria da instituição em Brasília, o Jornal da Gente conversou com o tenente-coronel Izaul Segalla Junior. Segalla, profissional de larga experiência, é o responsável pelo comando do Policiamento Metropolitano Oeste. Confira os principais trechos dessa entrevista, que teve como assunto principal a segurança na Vila Leopoldina

Jornal da Gente- Ouvimos a população leopoldinense. Dos 16 depoimentos colhidos, 14 tecem críticas ao atual sistema de policiamento. Que fatores determinam o atual planejamento das ações policiais?

Cel. Segalla – Todos os índices criminais deste bairro estão em queda, num percentual bastante significativo. O que pode estar sendo sentido pela população é a distância ou ausência do policiamento, pois ela estava acostumada com homens passando pela porta da sua casa ou estabelecimento comercial, Hoje o policiamento está focado mais na prevenção da área como um todo. Mas os indicadores de criminalidade na Leopoldina caíram, o que mostra o sucesso do planejamento operacional. O que talvez leve a esse percentual de queixas é a sensação de não ver o policial tão perto, pois o planejamento, como já disse, envolve o bairro como um todo.

Jornal da Gente – Fica a impressão que a comunidade, mais do que explicações técnico-científicas, quer algo palpável, que lhe passe segurança, como a presença mais próxima do policial, sobretudo à noite.

queremos mostrar a cara e concordo que o papel da polícia é estar junto à comunidade. Mas a cidade evolui e novas demandas surgiram, principalmente na periferia. O policiamento acompanha esse movimento. No passado, havia um maior disponibilidade de efetivos policiais nas áreas mais próximas ao centro da capital, como a Lapa. Hoje, os problemas surgem em áreas mais carentes, que também precisam ser cobertas. Isso não significa que a Lapa e Leopoldina estão desguarnecidas. São bairros onde há um policiamento planejado.

Jornal da Gente – Parece haver uma distância entre a linguagem técnico-científica do comando da PM e a percepção e desejo do cidadão comum em relação ao policiamento. Como é que esse cientificismo pode, na prática, reverter esse quadro de desconforto apontado pela população?

Cel. Segalla -Gostaria de ouvir esses depoimentos. De repente surgem coisas novas e que demandam uma adequação de rota. É importante ouvir um comerciante que se sente inseguro e verificar quais as causas dessa insegurança. Essa troca de informações, muitos deles até mesmo não ligadas a função policial, como a iluminação pública, por exemplo, é importante, pois elas precisam entrar no planejamento da ação policial no bairro.

Jornal da Gente Alguns prostíbulos da Leopoldina foram fechados, recentemente, sem que fosse levada em conta uma política de inserção social das garotas que, por diversos fatores, encontraram na prostituição um modo de vida. Que análise fazer desse quadro?

Cel. Segalla – Em toda a cidade, constantemente, novas casas desse tipo são abertas. O fato de fechar alguns desses estabelecimentos não resolve o problema, pois há uma permanente migração. Fechou aqui, abriu ali. É um problema social bem mais complexo, envolvendo entre outros fatores, formação familiar e escoar. É uma triste realidade. Nossos valores em termos de cidadania ainda estão plenamente. Muitas pessoas ao verem uma garota se prostituindo viram a costas e dizem: isso não me diz respeito. Então se fecha o prostíbulo. Mas para onde vão essas mulheres? Se não for para o meu bairro, tudo bem. Mas estamos diante de e de um problema que diz respeito ao Estado e também à sociedade.

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