Um serviço da Secretaria Municipal de Saúde, lançado em 2004, vai agora ao encontro das pessoas (adultos e crianças) vivendo em situação de rua na região da Vila Leopoldina. Trata-se do programa “A gente na rua” traçado em parceria com o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto . “Ex-moradores de rua passam a atuar como agentes da Secretaria cadastrando e informando quem ainda vive nessas condições sobre os serviços oferecidos pela Unidades Básicas de Saúde da rede municipal”, afirma a coordenadora do projeto, Maria Angélica Crevelim. Na Leopoldina atuam três agentes que já cadastraram 230 pessoas (196 famílias). “Eles saem a campo com questionários que levantam o perfil e as necessidades de quem mora em vias como Aroaba, Xavier Kraus, Mergenthaler, entre outras”, explica a coordenadora da Unidade Básica de Saúde do Parque da Lapa, Terezinha de Oliveira Salce.
O contato com os moradores é facilitado pela própria experiência anteriormente vivida pelos agentes contratados. “Quem já viveu a situação de não ter uma casa para morar sabe melhor do que ninguém a dureza desse quadro, o que torna mais fácil o diálogo e o encaminhamento dos assistidos para a UBS do bairro, algo que a maioria deles nem sabia que existia”, acrescenta Terezinha.
Uma das agentes que atuam na Leopoldina é Júlia Carolina, que chegou a viver em abrigos municipais. “Lembro do tempo em estava no albergue da prefeitura e das dificuldades que passei por lá. É ótimo trabalhar nesse projeto. Tenho um salário fixo e posso ajudar a pessoas que ainda passam por necessidades”, afirma Júlia.
A equipe do projeto conta com o trabalho da enfermeira Rhavana Pilz, que acompanha as ações de campo. Mãe de quatro filhos, entre 8 e 23 anos, Cleuza mora com a família na região da caixaria da Cegesp. Ela conta que teve de ir para a rua depois de perder sua casa na Justiça. “Nos viramos como catadores e também reformando caixas. Não conhecíamos o posto de saúde. A Júlia explicou o que tem no posto e minhas filhas já foram lá fazer exames”, conta Cleuza.