Resgate da memória

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O movimento começa no ínicio da tarde na Biblioteca Cecília Meirelles, na Rua Araçatuba. Aos poucos, as antigas moradoras do bairro vão chegando em grupos. Todas trazem um prato de doce ou salgado. Na biblioteca, a mesa está posta e o pessoal começa a se sentar. Entre uma conversa e outra, vão surgindo as histórias, algumas tristes outras alegres, mas todas lembrando o passado.
Com essas reuniões mensais, a diretora da biblioteca, Célia Regina Mano, quer resgatar histórias do local e, com elas, formar um “livreto”, como ela gosta de dizer. “Sempre fiz isso em todos os locais onde trabalhei e pensei em fazer aqui também. Conversando com as moradoras, vi que tinham muitas histórias para contar”, afirma.
As reuniões acontecem há cerca de dois anos. O número de participantes varia de oito a 12 pessoas, a maioria mulheres. Elas moram há 20, 30, 40 anos ou mais no bairro e todas são bem amigas. Muitas nasceram e foram criadas naquele local, casaram, tiveram filhos e netos e continuam por lá. Por isso, quando se encontram, começam a relembrar o passado e as histórias engraçadas que viveram.
Célia conta que está gravando e digitando todas as histórias e que alguns moradores cederam fotos antigas. “Temos imagens do local antes da construção da biblioteca, quando isto era um mato só e passava um rio aqui. Também temos fotografias da construção da biblioteca e muitas outras”, conta. Segundo ela, a participação da comunidade é fundamental neste resgate.
Passar a tarde nessas reuniões é como voltar ao passado. São histórias engraçadas – outras nem tanto – que mexem com a imaginação. Uma delas é a história de Elza Bueno Croaro, que mora no local há 50 anos. “Como aqui era só terra e mato, meu marido que era mecânico sempre lavava o macacão e jogava a água, que tinha vestígios de querosene, nos buracos do quintal e depois punha fogo, para matar os ratos. Um dia resolvi fazer o mesmo. Só que lavei o macacão no tanque e joguei parte da água nos buracos. Quando coloquei o fogo, explodiu minha cozinha e aos poucos começou a explodir na rua também. Um senhor português que vendia verduras ficou assustado e saiu gritando: ‘Raios que o parta, uma guerra subterrânea!’. Foi engraçado, mas fiquei desesperada”.
Essa é apenas uma entre tantas que surgem nas conversas. Para participar das reuniões mensais, basta entrar em contato com a Biblioteca Cecília Meireles, que fica na Rua Araçatuba, 522, ou pelo telefone 3834-0004, com Célia Regina Mano.

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