Em maio de 2007, o prefeito Gilberto Kassab assinava decreto municipal permitindo que a Prefeitura fechasse parcerias com a iniciativa privada e Terceiro Setor para o uso social dos baixos dos viadutos da cidade.
Passado pouco mais de um ano da assinatura do decreto, a Subprefeitura da Lapa utiliza outra estratégia para por fim à ocupação dos baixos do Viaduto Mofarrej, na região da Avenida Gastão Vidigal. Nada de projetos sociais, apenas a concretagem dos vãos do viaduto, excluindo mais uma vez carroceiros e moradores de rua. “Fazer o que, né meu senhor. Depois o prefeito vem pedir voto. E ‘nóis’, como é que fica? Sou trabalhador (mostra seus documentos, inclusive a carteira de trabalho). Tá vendo minha carroça ali? Tá novinha. Tá uma beleza, né meu senhor? Mas o prefeito parece que não gosta de trabalhador. O que ele quer? Que ‘nóis’ fique na rua para roubar. Tiraram a gente do viaduto. Taparam tudo com concreto. Isso não é justo não”, protestou o carroceiro José da Silva enquanto observava os operários concluindo a vedação dos baixos do Mofarrej, na manhã da sexta-feira, 20.
Enquanto a Sub Lapa passa para a sociedade que a melhor solução para esse grave problema social é o uso de tijolos e cimento criando um paredão no Mofarrej, a Sub Mooca sinaliza com ações humanas, que, teoricamente, norteiam o decreto assinado por Kassab em 2007.
A subprefeitura da Mooca veio buscar, justamente na Lapa do concreto excludente, o parceiro para a ocupação social dos baixos do viaduto do Gasômetro. Lá, a Reciclázaro, ONG com sede na Praça Cornélia (região da Rua Clélia), desenvolve, segundo consta do site da Prefeitura, “oficinas gratuitas de artesanato e de formação profissional gratuitas, principalmente para pessoas em situação de rua, capacitando-as para atividades geradoras de renda. São também cedidas vagas nas feiras de artesanato para que eles possam vender seus produtos”.