Uma bela história para o futuro

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Mônica Renard, José Carlos de Barros Lima e Maria Luiza Gonçalves

José de Oliveira Jr. Repórter

A Agenda Socioambiental Rede da Lapa promoveu o 4º Ciclo de Formação na última quinta-feira, dia 29 de abril, na Unidade II do Colégio Santo Ivo. Os parceiros da iniciativa, Subprefeitura da Lapa e Ong 5 Elementos, além de outras entidades, apresentaram o projeto de sensibilização ecológica aos interessados, com o intuito de melhorar a qualidade da vida na região.
O diretor do Santo Ivo, José Carlos de Barros Lima, proferiu a palestra “História da Lapa”, mostrando o seu resgate do passado do bairro. “Em 1991, quando eu era diretor-superintendente da Associação Comercial de São Paulo – Distrital Lapa, revisamos a data de aniversário do bairro. Colhemos documentos no Páteo do Colégio, onde constam informações da região desde 1560”, explica Lima. O levantamento teve a participação do historiador Wanderley dos Santos e de pesquisadores das Secretarias Municipal e Estadual de Cultura.
De acordo com o diretor do colégio, pelos autos do século 16, Affonso Sardinha recebeu uma sesmaria na região, conhecida como Emboaçava (lugar por onde se passa), para procurar ouro no Jaraguá. A partir de 1580, o português havia herdado diretamente da Coroa uma área que compreendia os rios Tietê e Pinheiros, até a altura da atual Avenida Pacaembu.
Em 1562, os índios Carijós já tentaram invadir o Páteo do Colégio, sendo detidos por João Ramalho. Sardinha foi avisado que haveria outro ataque de Carijós, que utilizariam um pequeno caminho de pedras para atravessar o Tietê de uma margem à outra. Na época, 150 pessoas moravam em São Paulo, cercadas por 200 mil índios hostis. Sardinha então construiu uma fortaleza nas margens do Rio Tietê, conhecida por Tranqueira do Emboaçava, em 1590. “Ao redor da fortaleza, começou a se formar a Vila do Forte, o primeiro povoamento na Lapa. Quatro anos mais tarde, foi o ponto de partida dos bandeirantes para o chamado oeste paulista (área desconhecida)”, disse Lima.

Fazenda jesuítica

O diretor do Santo Ivo afirmou que o nome Lapa foi mencionado pela primeira vez, em 1740, graças à Imagem de Nossa Senhora. O padre paulista Ângelo Siqueira trouxe uma estátua de Portugal para ser venerada. Rico e desiludido, o clérigo doou a sua fazenda no bairro aos jesuítas, com a condição de que rezassem todos os meses de outubro para Nossa Senhora da Lapa. “Em 1743, os jesuítas trocaram esta região por Cubatão, uma cidade mais próspera. A fazenda foi vendida ao coronel Diogo Pinto do Rego”, conta.
A filha de Rego casou-se com o coronel Anastácio de Freitas Trancoso, que administrou a fazenda da Lapa a partir de 1775. Segundo Lima, os filhos do coronel Anastácio venderam parte da propriedade à Marquesa de Santos, que se casou com o coronel Tobias de Aguiar em 1856.
A partir da segunda metade do século 19, foi construída a estrada de ferro São Paulo Railway. Em 1891, foi feito o primeiro arruamento do bairro, conhecido como Gram Burgo Central da Lapa, organizando urbanisticamente a região. Na década de 1920, a Companhia City compra uma vasta área para construir um loteamento, que congregaria a Bela Aliança e o Alto da Lapa, conhecida até hoje por City Lapa.
“Com todas essas transformações, surgiram os bondes a partir de 1912, as festas de carnaval comemoradas em 1916. Times de futebol foram inaugurados na década de 1920. Enfim, a Lapa cresceu, recebendo muitas indústrias e estabelecimentos comerciais, que alavancaram o desenvolvimento da cidade”, conclui o contador de histórias.

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