Frágil oratória

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Foto:

Eduardo Fiora

Extremamente comunicativa, a subprefeita
Soninha Francine não teve dificuldade alguma em conduzir sua primeira
explanação pública, delineando, no dia 16, perfis da Sub Lapa e
apontando para moradores e empresários as bases de seu trabalho. No
entanto, a envolvente oratória da subprefeita da Lapa, uma vez
analisada em seus pormenores, apresenta preocupante fragilidade. A
primeira delas diz respeito à natureza dos projetos indicados como
prioridades. Há de se separar, e isso Soninha não deixou totalmente
claro, aqueles que podem ser tocados com as escassas verbas da dotação
orçamentária da Sub Lapa (R$ 28 milhões disponíveis, sendo que R$ 15
milhões estão comprometidos com pagamento de pessoal) e aqueles cuja
execução depende de recursos a serem liberados pelas Secretarias
Municipais. O prometido Parque Orlando Villas Bôas (Vila Leopoldina) é
um bom exemplo. Sua efetiva criação não se limita apenas às ações
levadas adiante pelos gabinetes da Guaicurus, 1000, mas sobretudo de
verbas do Executivo Municipal capazes de garantir serviços como a
descontaminação superficial e profunda do solo da área em questão.
Da mesma maneira, projetos como o Poupatempo Lapa, obras de
macrodrenagem ou mesmo as ciclovias não dependem do orçamento regional,
mas das diferentes secretarias municipais. Diga-se, ainda, que Soninha
não revelou sequer os prazos para o início e conclusão dos projetos
anunciados.
Para a gestora lapeana, os subprefeitos são como prefeitos de cidades
do interior: têm que bater de secretaria em secretaria. Ex-vereadora, a
subprefeita da Lapa sabe que terá, também, que bater na porta da Câmara
Municipal para conseguir o apoio dos vereadores a importantes demandas
comunitárias no âmbito da revisão do Plano Diretor e da efetivação das
Operações Urbanas. Acontece que muitos parlamentares ainda não
digeriram as críticas que a então vereadora Soninha fez, no ano
passado, a seus pares no Legislativo paulistano.
Oratória séria e plenamente aceitável é aquela que não descola a
mensagem a ser proferida da realidade dos fatos. Não foi isso que
Soninha conseguiu transmitir na sua explanação do dia 16. Conversando
com várias pessoas que ouviram a subprefeita falar, nota-se certa
decepção com o conteúdo do discurso oficial. Isso talvez seja reflexo
direto, daquilo que chegou aos ouvidos da subprefeita, conforme ela
mesmo revela: as comunidades por aqui são articuladas. E por serem
articuladas dispõem de um enorme e valioso espírito crítico.

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