Desde 1995 sob responsabilidade do Ministério da Agricultura, o perfil da Companhia Geral de Armazéns do Estado de São Paulo (Ceagesp) ilustra bem os descompassos históricos nas gestões públicas comandadas tanto pelo PT quanto pelo PSDB (neste último caso com as bênçãos do fiel aliado PV na condução dos governos estadual e municipal ).
A mais recente polêmica envolvendo o entreposto Leopoldina é caso de ação no Ministério Público Estadual. Conforme reportagem publicada nesta edição, um dos galpões do maior entreposto de alimentos da América Latina é alvo de ação da promotoria, que quer saber da diretoria da Ceagesp se a estrutura física que abriga a Feira de Flores e o Varejão de Alimentos corre ou não o risco de desabar.
Um olhar atento, mesmo do leigo, em detalhes do referido galpão evidencia o descaso dos administradores tucanos e petistas em relação à parte elétrica (gambearras visivelmente expostas) e bem como em relação à estrutura de concreto totalmente deteriorada, denunciando o abandono nos últimos 16 anos, metade deles de responsabilidade tucana e metade sob a tutela do petismo.
Do lado de fora do entreposto da Leopoldina, bem junto aos muros que separam a área federal da via pública, a situação também mereceria a intervenção do Ministério Público, dado o descaso das autoridades em relação a questões de caráter ambiental e social. De 1995 para cá, agravaram-se na Leopoldina uma série de problemas: a exposição a céu aberto de caixas de madeira (caixaria), as enchentes (adicionadas refluxo de esgoto), a exploração sexual (inclusive de menores), a ocupação das calçadas por barracos e a disseminação da droga (crack incluído) entre os moradores de rua.
Situações assim, se repetem em outros bairros da região, que continuam, a exemplo da Leopoldina, à espera de obras e serviços públicos no âmbito do governo federal e das esferas estadual e municipal.
Os principais atores políticos envolvidos no segundo turno da eleição presidencial têm o dever de formular, no âmbito local, políticas concretas que ponham fim a esse leque de problemas. Por meio de suas vozes (vereadores, deputados, diretórios, filiados, ativistas e colaboradores), as forças políticas hoje no poder (em Brasília e em São Paulo) precisam deixar a retórica de lado, partindo para a execução de políticas concretas que resolvam as graves distorções, pondo fim a insustentáveis e injustificáveis omissões.