Poética

0
888

Estou longe da linda e celestial Pátria. Tenho saudades de lá: da paz, da luz diáfana dos jardins, das flores e das árvores de folhas sempre verdes. Dos passarinhos. Quantos a voarem em bandos harmoniosos, sem colisões ou dispersões… Do perfume sutil e perene balsamizando as brisas cálidas.
Sinto-me longe dos amigos que eu tinha na Pátria. Eram tantos e eram leais e ficavam felizes estando comigo. Os seus olhos eram límpidos e se tinham lampejos eram só de alegria pura de estarmos ali, na Pátria! Às vezes, um amigo ou uma amiga dizia: vamos ver o rio. E nós íamos pelos caminhos das florestas verdes, as estradinhas repletas de flores de cores múltiplas, impares, luminosas. Que extraordinário: as flores tinham luz própria! Elas não refletiam a luz, elas iluminavam-se ao passarmos, aquele bando de jovens, indo na direção do rio.
Aí estava o rio. Perene. Tranquilo, banhando as ravina, como se deixasse atrás de suas águas beijos perfumados. O rio era longo. As águas límpidas. As fontes que formavam o rio estavam entre pedras luzidias e brilhantes. Podia-se beber aquela água pura! E nós a bebíamos: nas conchas das mãos ou mergulhando as cabeças nas ondas do rio. E ríamos e sorríamos e logo começamos a cantar e a dançar e ao dançar, os pés ficavam suspensos no ar sutil. Voávamos, dando-nos as mãos, numa ciranda de pura alegria, da mais pura e doce alegria. Dançávamos e ríamos. O rio parecia feliz e os peixinhos saltavam dentro do leito manso das águas…
De repente, uma linda menina gritou: Ele vem vindo! Ele vem vindo e sorri. Ele é a beleza mais radiante… E Ele chegou no meio de nós e este foi o momento esperado e sonhado por tantos e tantos anos!…
Eu estava na Pátria!

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA