A história do desenvolvimento dos bairros da gente, como bem relata o professor José Carlos de Barros de Lima, lapeano da gema e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Estado de São Paulo, está intimamente ligada à epopéia ferroviária, mais especificamente à fabulosa engenharia da São Paulo Railway, de capital inglês.
Na Segunda metade do século XIX, São Paulo começou a viver o apogeu da economia cafeeira. Nessa época, o centro de produção de café transferia-se do Vale do Paraíba para a região de Campinas. Visando o escoamento do café para o mercado externo, foi fundada em 1860 a “Association of the São Paulo Railway Co. Ltda”. Em 1867 foi inaugurada a estrada de ferro ligando Santos a Jundiaí, que passava por São Paulo. No lado oeste da cidade, a única estação implantada era a de Água Branca.
Pouco depois o trem também passou a fazer uma parada simples, próximo à ponte do sítio do Coronel Anastácio, para atender a população do então incipiente bairro da Lapa. A ferrovia incentivou o surgimento das primeiras das indústrias da região, como a Santa Marina e o Frigorífico Armour.
Nas primeiras décadas do século XX, a “Lapa de Baixo” passou a contar com uma melhor infra-estrutura urbana. Em 1915 estava pronta a rede de esgoto da Barra Funda, Água Branca e Lapa. Surgiram o comércio, as escolas, o bonde, a nova matriz. O Largo da Lapa transformou-se no primeiro pólo comercial da região, servindo a outras regiões que se situavam ao longo da linha de trem.
Quase 150 anos depois, a região da Lapa volta a ver nos trilhos horizontes de desenvolvimento, desta vez com o Metrô projetando estações em área como Lapa de Baixo, Alto da Lapa, Perdizes, Pompeia, atendendo histórica reivindicação comunitária. A transformação urbana que ocorrerá nos próximos oito ou dez anos será significativa, com impactos positivos e negativos na nossa vida cotidiana.
Desde já precisamos nos preparar para essa mudança de cenário sob pena de sermos engolidos por ela. Faz sentido, portanto, retomarmos uma proposta de ação já tentada no passado: a criação de um Fórum de Desenvolvimento Regional. Hoje, com um processo de revitalização da política na região, podemos pensar mais longe a estruturação de um Agência de Desenvolvimento, com diálogo direto com os grande indutores da transformação urbana: Prefeitura e governo de Estado de São Paulo.