Surrealismo municipal

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Ao longo dos últimos meses, a reportagem deste jornal mergulhou num estranho universo de enredos surreais, cujas tramas são de difícil compreensão e aceitação por parte das comunidades locais. Moradores da Lapa de Baixo continuam sem saber qual o destino da verba de R$ 500 mil destinada pela Prefeitura para a construção de uma UBS no bairro. Anunciada num determinado dia, a referida dotação orçamentária foi cancelada 24 horas depois. Já o pessoal da Vila Anastácio não está muito contente com a previsão de fechamento da UBS local. A insatisfação aumenta quando se sabe que quem mora naquele bairro passará a ser atendido numa nova UBS a ser instalada na Rua Roma (Lapa). Tal unidade também deverá atender a demanda da Lapa de Baixo, que continuará sem UBS.Por fim, o teatro itinerante do absurdo chega à Vila Pompeia, cujos moradores estão preocupados diante da paralisação do processo de construção de novas galerias para os córregos Água Preta e Sumaré (obras da Operação Urbana Água Branca).Técnicos da Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) foram surpreendidos por seus colegas da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente (SVMA), que emitiram pareceres exigindo a realização de Estudos de Viabilidade Ambiental (EVA) para o projeto de drenagem. Há de perguntar: como é que a Siurb encaminha e finaliza uma licitação superior a R$ 140 milhões sem estar atenta às rigorosas exigências da legislação ambiental?  Sem dialogar previamente com a burocracia da SVMA, a Siurb jamais cogitou a necessidade da formatação de um EVA.  Seus técnicos entenderam  que a simples aprovação, por parte da SVMA, do Relatório e Estudo de Impactos Ambientais (EIA-Rima) da Operação Urbana (no qual a obra em questão estava contemplada) implicava num licenciamento prévio das novas galerias.  A falta de atenção em relação a detalhes da legislação combinada com a ausência de sintonia prévia entre as duas secretarias gerou o impasse, que só será vencido com a apresentação do EVA para uma obra cuja execução durará  pelo menos 30 meses.Cabe à Siurb, em respeito aos moradores da Pompeia,  que há quase duas décadas lutam pelo fim das enchentes no bairro , dar à elaboração do EVA o caráter de “urgência urgentíssima”. Surreal seria  deixar para a próxima gestão o equacionamento dessa questão.  

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