Nos dias 5, 6 e 7 de dezembro celebramos na Lapa o XVI Natal Comunitário. O natal decifra mistérios profundos de nossa existência. Os homens se perguntam: por que a dor? Por que a humilhação?
Os homens perguntavam a Deus. E Deus silenciava. Alguns até procuraram argumentar para isentar Deus de ser o culpado pelo sofrimento humano. Mas nenhuma resposta era satisfatória.
Agora no Natal, Deus fala e o ser humano silencia. Ouve-se a narração do nascimento de Jesus: Deus nasceu pequeno, Deus se fez história. Deus não responde ao porquê do sofrimento; Ele o sofre junto com o sofredor. Ele não responde ao porquê da dor; Ele se fez homem das dores. Ele não responde ao porquê da humilhação; Ele se humilhou. Já não estamos mais sozinhos na nossa imensa solidão; Ele está conosco: é o Emanuel. Narra-se a história de um Deus que não responde só com palavras, mas vive a resposta.
Deus não assiste impassível à tragédia humana. Ele entra, toma parte, participa e nos mostra que vale a pena viver a vida como a experimentamos: monótona, anônima, trabalhosa, fiel na luta de sermos cada dia melhores. Vale a pena viver esta vida como a vivemos: exigente na paciência, fortes em suportar as contradições e sábios para aprender delas. O cristianismo revela a benevolência e o amor humanitário de Deus.
Olhemos bem fundo nos olhos do menino: nele sorri a humanidade e a jovialidade de nosso Deus.
Dom Julio Endi Akamine é bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e vigário Episcopal para a Região Lapa