Desafio das ruas

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O crescimento da população de rua é, sem dúvida, um desafio da gestão Fernando Haddad. Ela era quase invisíveis para muitas pessoas, mas ficou em evidência após a montagem de barracas no meio das calçadas, misturados a usuários de drogas, em toda a Cidade. Operações de desmonte e limpeza dos passeios – comandada pela Guarda Civil Metropolitana em parceria com secretarias e a Subprefeitura – dividiram opiniões na Vila Leopoldina até o comandante da Guarda Civil Metropolitana comparecer no Fórum Social e explicar que a medida faz parte da política de governo de devolver a calçada para o pedestre.

O Censo da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) divulgado pela Prefeitura (no dia 8) mostra que 15.905 pessoas estão espalhadas pelas ruas de São Paulo. Desses 409 estão na região da Subprefeitura Lapa, boa parte concentrada na Leopoldina, mas acredita-se que o número seja maior pelo volume de pessoas que se multiplica pelas calçadas a cada esquina. Mais da metade dos pesquisados (8570) dormem em serviços da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, como o Albergue Zancone da Leopoldina. O restante (7335) fica ao relento. Em 2014 eram 14.478 moradores de rua na Cidade. 

O levantamento confirma o que já se sabia em 2003 quando o Zancone foi criado: a maior parte da população em situação de rua é do sexo masculino. Isso não mudou, só aumentou. Há 12 anos, o Instituto Rogacionista, parceiro da Prefeitura na administração do centro de acolhida, detectou que cerca de 300 pessoas que se concentravam ao redor do prédio (onde está o Zancone) eram de homens. Do total, apenas oito (8) eram mulheres. Motivo pelo qual o serviço atende o público masculino.

A pesquisa da Fipe revela ainda que hoje são 13.046 homens (82%) espalhados pelas ruas contra 2.326 mulheres (14,6%). Em geral, os homens vão morar na rua por vários motivos: desemprego, separação, briga em família, drogas e pendências com a Justiça.

Na Leopoldina, o albergue resiste, mas se revela insuficiente em época de crise política e econômica (como a atual) com mais pessoas engrossando as estatísticas da população de rua. 

Alan Kardec era um dos muitos que estava na comemoração de 12 anos do Zancone quarta-feira. Enquanto aguardava o jantar especial de aniversário, ele lamentava o dia seguinte por não saber se teria algo para comer, morando na rua. O aniversário do albergue foi no mesmo dia de Nossa Senhora de Fátima e da abolição da escravatura, 13 de maio. A gerente do Instituto Rogacionista destacou que a libertação está só no papel para muitos porque existem outras formas de escravidão.  Ela tem razão, boa parte deles chega às ruas por falta de condições financeiras em manter uma moradia, mas outra porque se envolveu com drogas e acaba presa, escravizada, pelo vício. 

Com a baixa temperatura, os desafios aumentam tanto para quem vive na rua quanto para o serviço de Assistência Social da Prefeitura em proteger todos do frio. 

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