Vamos deixar claro

0
4096

Ficou lotada a audiência pública de apresentação da proposta do Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Leopoldina referente à Manifestação de Interesse Privado da Votorantim e outras empresas realizada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e SPUrbanismo, na terça-feira. O Projeto de Intervenção Urbana – PIU é um instrumento que foi regulamentado em março pelo prefeito Haddad e tem por finalidade reunir e articular os estudos técnicos necessários para promover o ordenamento e a reestruturação urbana em áreas subutilizadas e com potencial de transformação como a da Votorantim e outras empresas, localizadas entre o Parque Villa-Lobos, Marginal Pinheiros e Ceagesp.

O templo da Igreja Palavra Viva foi sede do evento de apresentação da proposta, não do projeto como esperavam os moradores da comunidade da Linha e do Nove. A expectativa era conhecer um projeto com moradia digna para as centenas de pessoas que vivem em habitações improvisadas em parte da área dos 290 mil m². Eles ficaram desapontados.
Manifestações contra e a favor marcaram a audiência na véspera do feriado do Dia de Finados. Aliás, a data foi um dos motivos de um pedido de adiamento da data pela Associação Viva Leopoldina (junto com outras entidades como Consegs e associações como Amocity e Assampalba) em um ofício à secretaria.

O diretor da Viva Leopoldina, Carlos Alexandre de Oliveira disse que a comunidade da Linha e do Nove estão sendo enganadas para que abram mão de seus direitos no terreno valorizado que ocupam. Oliveira lembrou que em parte do terreno da proposta encontram-se as duas comunidades em moradias precárias. Para ele, a proposta é de exportar a problemática da desigualdade para as demais regiões da Leopoldina para beneficiar os proponentes (Votorantim S. A., a BV Empreendimentos e Participações S.A., a SDI Desenvolvimento Imobiliário Ltda. e o URBEM – Instituto de Urbanismo e de Estudos para a Metrópole).

Já para o chefe de gabinete da subprefeitura e fundador do Fórum Social da Vila Leopoldina, Adaucto Durigan, o projeto busca um planejamento no médio prazo. Durigan alertou que atropelar o processo só prejudica a discussão e não leva a lugar nenhum. “Temos terrenos para serem construídos e a proposta privada para investir aqui. É uma oportunidade. Essa é uma conversa preliminar, sem o detalhamento da proposta. Não é hora de detalhar agora, devemos apoiar a continuidade dela. Ninguém está dando cheque em branco para a Votorantim, estamos defendendo a continuidade desse debate”, declarou Durigan.

Porta-voz de sua comunidade, Artur Jaime questionou a falta de informações sobre o projeto na internet. Disse que muito foi tirado daquelas pessoas. “Roubaram a nossa saúde, nossa educação e agora nosso lugar de morar? Não vamos trocar nossos direitos por dinheiro”, declarou.

Os proponentes do Projeto de Intervenção Urbana (PIU) Vila Leopoldina-Villa Lobos afirmam que estão abertos ao diálogo com as forças vivas da comunidade e aguardam a autorização da Prefeitura para iniciar os estudos para o PIU. Para o grupo, houve consenso por todos que se manifestaram na Audiência Pública em relação à necessidade de buscar uma solução para a moradia popular que atenda o problema das famílias em situação vulnerável, mantendo os moradores no próprio bairro.

Uma coisa é certa: a gestão do prefeito Fernando Haddad chega ao fim em dezembro e em janeiro começa a era do tucano João Doria, portanto, o próximo capítulo dessa história deve ficar mesmo para 2017. Apesar de ser um processo previsto no marco regulatório da Cidade (o PDE), vamos deixar claro: nada está definido.

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA