A despedida

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Caros leitores, este é o último artigo que escrevo. Inspirando-me em Santo Agostinho, apresento a vocês minha despedida.

Para vocês sou bispo, com vocês sou cristão. Bispo é um título que se recebe quando se assume uma responsabilidade na Igreja; ser cristão é o nome e o resultado de uma graça incomensurável. Para vocês devo pregar o evangelho; com vocês sou discípulo e ouvinte da Palavra de Deus. Para ser ouvido, falo de um lugar mais elevado, mas serei julgado por quem se acha muito acima de mim.

Para vocês devo ser mestre; com vocês sou companheiro na mesma escola do único Mestre Jesus. Aquele que ouve tem a melhor parte, pois ele já faz agora o que todos hão de fazer no céu. O título de bispo pode trazer perigos; o nome cristão redime. Aquilo que sou para vocês, me faz tremer, me assombra, me angustia até; aquilo que sou com vocês me conforta e causa consolo. Ser bispo é um encargo, uma missão, uma responsabilidade. Ser cristão é um privilégio.

Todo homem é fraco, e, portanto, é frágil o seu pastor. Não é ele um ser humano como vocês? É mortal, come, dorme, nasceu e um dia morrerá. Se se reflete no que é em si, o bispo é um ser humano como qualquer outro. Porém vocês me receberam como um anjo de Deus. Posso testemunhar que, se possível, teriam arrancado os olhos em meu favor (cf. Gl 4,15-15). Ao me receberem com tanta honra, vocês cobriram minha fraqueza como uma veste cobre a nudez. Humildemente suplico o perdão de todos por não ter sido, para vocês, um bispo tão bom quanto Deus quer, tão solícito e santo como exige o ministério. E, sobretudo, agradeço de coração pelo tão grande privilégio de, com vocês, ser cristão.

Dom Julio Akamine, despede-se do cargo de Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo da região Lapa e assume nova missão em Sorocaba

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