Estreita e com pouca altura, a passagem “toca da onça” não tem esse nome à toa. Com frequência, o acesso que liga a Lapa de Baixo à região do Mercado e Terminal de ônibus tem furtos de lâmpadas e pedestres. A passagem já ficou às escuras por várias vezes, mas a gestão atual, comandada há três meses pelo prefeito regional Carlos Fernandes, é rápida. Conectado às redes sociais, Fernandes acompanha os debates no mundo digital e a cada registro coloca a equipe em ação para reposição da iluminação.
Mesmo quando está em ordem, quem se aventura a passar pelo local depois das 7 horas da noite é visto como corajoso. Estranhos se misturam a trabalhadores de um lado ao outro do bairro. Os relatos de furtos são comuns. Tem gente que nem reclama mais, virou rotina. Muitos ainda se incomodam e cobram providências.
A discussão sobre o fechamento da “toca da onça” é antigo. Em julho de 2015 foi feita uma reunião na então Subprefeitura Lapa (hoje Prefeitura Regional) para discutir as necessidades da passagem de nível. No encontro dois assuntos foram destaques: a falta de segurança do local e a sujeira.
O debate esquentou quando o então subprefeito José Antonio Queija falou na hipótese do fechamento da “toca da onça”, por pelo menos 90 dias, para encontrar uma solução definitiva para as depredações e segurança do local. Na ocasião, a presidente do Conseg Lapa, Flávia Amorim Maia, já falava da insegurança em passar pela toca após às 22h. O vice-presidente do Conseg Lapa José Trindade Celis se manifestou favorável ao fechamento do túnel. “Precisamos fazer alguma coisa rapidamente”, disse Celis na época. Até hoje ele continua com a mesma opinião. Morador da Lapa de Baixo há mais de 40 anos, Celis acredita que fechar a toca é uma forma de minimizar os problemas. “Algumas passagens subterrâneas da cidade são fechadas à noite. Por que não fechar a toca? É um absurdo”, disse Celis na sexta-feira. Assaltos e furtos são relatados com frequência no túnel.
Depois de tantas reclamações e reuniões, o secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, o presidente da CPTM Paulo de Magalhães e o prefeito regional da Lapa, Calos Fernandes, fizeram vistoria na “toca da onça” em encontro organizado pelo deputado estadual Marcos Zerbini e pelo vereador Fábio Riva (ambos do PSDB), em 10 de fevereiro. No dia, o secretário pediu à sua equipe um estudo sobre a viabilidade de melhorias na travessia dos trabalhadores, muitos usuários do sistema de transporte ferroviário ligado à secretaria de Pelissioni, enquanto o projeto de unificação das duas estações da Lapa aguarda recursos para execução.
A ocorrência da morte de um homem no confronto com Policiais Militares da Operação Delegada, mostra o risco da travessia de pedestres, principalmente à noite. O relato é que os PMs suspeitaram de um homem que foi em direção à passagem e, ao ser abordado, atacou um PM e entrou em confronto com arma de fogo. No tiroteio ele foi baleado e faleceu na toca.
O prefeito regional da Lapa promete ouvir moradores e conselheiros (participativos, de meio ambiente e de segurança) sobre o fechamento da “toca da onça” para encontrar uma saída para o perigo na travessia.